Encontro Inconcluso

 
Naquela noite, secou os cabelos. Estava ansiosa para a saída. O horário se aproximava. Pensou que estava tarde. Pode ser que ao chegar atrasada, houvesse um pouco de charme. Ficou perambulando pelo quarto, incansável. Os nervos à flor da pele. Armário bagunçado, roupas no chão: “– Nada para vestir!”. Aquela raiva e desespero que bateu. Olhou diante do espelho e a reação não foi das melhores. Achou que deveria ir assim mesmo. Fechou a porta do quarto, saiu, agiu normalmente mesmo que não se sentisse tão normal assim. Foi até à entrada e esbarrou no porteiro. O ponteiro indicava 21:00, olhou para fora e procurou seu lugar confortável. Observou da janela o outro lado da rua.

Nesse momento, alguém passava. Sempre distraído, voltava do trabalho. Cansado, muito cansado. A roupa estava molhada, porque um carro ao virar a esquina bruscamente jogou-lhe água. Estava zangado também. Não parecia muito preocupado com as pessoas ao redor. Olhou para os lados, era momento de atravessar a rua. Na janela, ela estava olhando fixamente, não perdia um segundo dos movimentos dele. Ele ao colocar o pé esquerdo na faixa, um carro quase para em cima. Saltou para o lado um pouco, gritou, xingou. Todos olharam. Tudo voltou ao normal. Passou em frente à janela dela. O encontro parecia ter um início tenso. Era chegado o momento: Ele passou em frente à vitrine de doces, parou e ficou olhando. A janela dela ficava uns centímetros adiante, ele olhou para ela, mas não a viu. Ela se sentiu lisonjeada pela troca de olhares de 3 segundos. Aguardou isso o dia inteiro. Ele foi embora, e ela ficou sentindo um frio na espinha. Resultado da noite: Ela errou na escolha do batom.
Ana Kams
Enviado por Ana Kams em 20/03/2014
Reeditado em 20/03/2014
Código do texto: T4736936
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