BREVES PALAVRAS

BREVES PALAVRAS

Com breves palavras minhas, vou contar uma história de amor que aconteceu em mim. Ele chegou assim, de mansinho, como quem nada quer, e foi se instalando disfarçado de amizade terna e bem querida. Quando percebi o verdadeiro sentimento que me afetava (nos afetava?), tentei vivê-lo daquela forma que se apresentava, mas, descobri, não era amizade que alimentava a chama que no meu peito (nosso peito?) ardia.

Na esperança de confirmar a reciprocidade, apesar de que o objetivo primordial era não perdê-la, usei diversos argumentos, mas as palavras não consegui dizer, e esperei, porque o coração fala em silêncio, que o tempo resolvesse consolidar a relação.

Mas, tudo indica, a percepção caminhou muito lenta, e senti que a perdia, como se ela, enquanto meu amor, fosse embora e eu tentasse alcançá-la para me declarar, mas chegasse tarde à estação, quando o trem já tivesse partido e eu ainda pudesse vê-la acenando com um lenço branco e jogando um beijo cheio de carinho, confirmando o amor que por mim também sentia, deixando a sua última imagem como uma marca com a qual deveria ficar na lembrança.

Análoga metáfora seria dizer que o amor da mulher que eu tanto quero deixei escapar como um punhado de areia que escorresse entre meus dedos, quando tentei segurá-la com minhas esperançosas mãos.

A relação amizade apaixonada continua, até ganhar coragem e tomar a iniciativa e falar com a boca, pois com os olhos parece não ser suficiente, ou convincente. Breves palavras minhas, ou dela, seriam suficientes. Mas eu tenho receio, por isso ainda vivo esse amor com ela, do jeito que quer a minha sonhadora imaginação.