Na tonga da mironga do catulelê

Recebi um dia desses (para a minha grande surpresa) um convite para publicar meus textos. Fiquei muito contente e feliz com tal fato uma vez que escrevia somente para aliviar os seus próprios tormentos, um modo de expressar minhas emoções sem perturbar a ninguém, ou seja, um canto para “xingar” e “criar” múltiplos mundos. Todavia, não me foi explicado o que teria de esperar ou aguardar nesse processo. Outros amigos comentaram que já tiveram publicações e esse é um evento muito bacana na vida de uma pessoa, só teria que aguardar para ver o resultado. Entretanto, problemas “brotam” nesse processo...

Tal qual o meu mestrado (por ter uma orientadora louca), ando aprendendo que o tempo de espera para ser publicado em um livro é sempre um tempo longo, do qual não possuo controle e nem autonomia sobre ele. Apenas trabalho, escrevo, contemplo a espera, enquanto aguardo sem muita angústia para o dia em que ele será publicado. Não há razão para sofrer ou se estressar com alguma que ainda habita o mundo dos seus sonhos, certo? Bem, no meu caso eu diria que sim, mas assim como uma moeda tudo tem três lados...

No começo aguardei com certa ansiedade para que recebesse logo o meu exemplar e partilhasse com todos os amigos e familiares. Passou-se um, dois, três meses, desde então. Nada de chegar. Busquei me informar e soube que os livros estavam em publicação. Até aí tudo bem, a banda segue tocando... Todavia, eis que duas semanas depois desse e-mail, recebo a seguinte notícia: “prezados escritores, infelizmente tivemos problemas na gráfica e a impressão dos seus livros dos seus livros irá atrasar. Assim que dispormos de novos prazos, entraremos em contato”. De início, a primeira reação que se tem é ficar meio “fulo”, xingar tudo em conversas com amigos ou no tal do facebook. Depois passa....

Pelo menos pra mim foi assim. Mas, vai pedir pra outros 30 e tantos escritores ficarem quietos depois de mais um atraso? E a partir daí começou a guerra de e-mails: eram pessoas escrevendo pra criticar a editora, dizendo que ia entrar na justiça, pedir ressarcimento e o escambau; era a editora, respondendo que não era a sua culpa, pelos atrasos e que prezava pela qualidade dos textos, etc e por aí vai... A guerra prosseguia tal qual um ataque às tropas inimigas na segunda guerra. A editora era o inimigo principal e a cada momento, os escritores ganhavam aliados que gritavam “É por aqui! Avancem as tropas! A vitória está próxima!”. Como se não bastassem os ataques de lá e de cá, ainda deixaram a deixa para os que (como eu) optaram por ficar em cima de muro vendo a guerra acontecer, para “auxiliarem” as tropas aliadas rumo à vitória. Entre o devaneio poético que me leva a formular perguntas como “Por quê faz isso? Chamar advogado e tudo mais?” ou “Cadê nossos direitos? Por quê tanto atraso?”, peço licença, encarecidamente, ao ótimo Luiz Fernando Veríssimo em seu texto “Trapezista”, para só dizer uma coisa:

- Socorro!

Andarilho das Sombras

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 27/03/2014
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