O PERDÃO,





O PERDÃO.

Tarde fria de uma sexta-feira sem sal. Nuvens apressadas, deslizavam no céu, como se estivessem atrasadas para chegar ao destino. Vento forte, uivando entre muros, aos murros, empurrando árvores, quebrando guarda-chuvas, erguendo vestidos de mulheres desavisadas. Chovia à conta-gotas. Ele caminhava pela rua, sem rumo, ruminando sonhos, tentando lembrar de dias alegres que por ventura tenham acontecido em sua vida. Mas, nada... só o tédio, sem remédio, que inundava o espaço, o traço, o passo, tropego, insosso, o osso, o ócio, fora do lugar.
Realmente ele se sentia como um pássaro em ninho de jacarés, como um drogado, jogado à margem da vida, como um espelho quebrado recolhendo seus cacos, cascos pisados de tartaruga sem dono, um rei sem trono, um artilheiro sem gol.
Ao final da caminhada, no final daquela estrada, inicialmente sussurrou, depois gritou e após berrou em alto e bom som o nome da mulher amada, como se pedisse ajuda, socorro, perdão. Perdoado foi, por Deus, não pela pessoa, que jamais teve a compreensão da imensidão daquele amor.

Por: Jaymeofilho.
28/03/2014.
Jaymeofilho
Enviado por Jaymeofilho em 28/03/2014
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