Ventos de outono
Os ventos de outono trazem de carona almas solitárias de passados longínquos. Há um murmúrio dolente no seu cruzar.
Essas almas caroneiras debatem-se no cabelame das árvores e gemem. São gemidos inexpremíveis, doridos, pedindo arrego, socorro. Debatem-se pelas frinchas de muros caiados, entram pelas frestas das portas. Sussurram... Sussurram algo indefinível mas que em nosso íntimo, bem no meio do peito é tocável, tangente.
São vozes antigas cantando canções que não lembramos, no entanto deleitamo-nos ouvindo-as com corpos infantis.
Depois que passa o vento, o efêmero momento, o encontro com o passado e o presente, permanece no ar a inquietante pergunta:
- Quem veio nos visitar?
Nena Sarti