Ventos de outono

Os ventos de outono trazem de carona almas solitárias de passados longínquos. Há um murmúrio dolente no seu cruzar.

Essas almas caroneiras debatem-se no cabelame das árvores e gemem. São gemidos inexpremíveis, doridos, pedindo arrego, socorro. Debatem-se pelas frinchas de muros caiados, entram pelas frestas das portas. Sussurram... Sussurram algo indefinível mas que em nosso íntimo, bem no meio do peito é tocável, tangente.

São vozes antigas cantando canções que não lembramos, no entanto deleitamo-nos ouvindo-as com corpos infantis.

Depois que passa o vento, o efêmero momento, o encontro com o passado e o presente, permanece no ar a inquietante pergunta:

- Quem veio nos visitar?

Nena Sarti

Sarah Embaixadora Nena Sarti
Enviado por Sarah Embaixadora Nena Sarti em 04/05/2007
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