Frankenstein, Robocop e a cirurgia plástica

Jornal de domingo é parâmetro para o restante da semana. Confesso que me apego mais a parte ligada à Cultura ou crônicas, mas há manchetes bem-elaboradas que chamam a nossa atenção.

“Robocop” era a manchete de um jornal aqui da capital gaúcha. Pensei na refilmagem do José Padilha, mas me aprofundei na leitura e lá estavam os equipamentos que os policiais terão que usar em doze cidades-sede da Copa do Mundo. Um verdadeiro aparato contra manifestações violentas. E fico me perguntando se não estamos caminhando para um mundo além do humano. Questões e equipamentos que saem do nosso controle. Somos robôs? Ou será uma extensão destes? Quem não se lembra do livro do Asimov “Eu, robô” que depois se tornou um sucesso dos cinemas. E as câmeras do Orwell em “1984”, o criador do termo “big brother”, o grande irmão, e não o tal de Pedro Bial.

E neste diálogo constante com amigos os mesmos sempre me alertam:

- E estes óculos que tu estás?

- Sim. São novos. Comprados em suaves e prolongadas prestações (hoje é assim: o cidadão diz que adquiriu um carro, mas vai pagá-lo em setenta e tantas vezes).

- Não é isto. São o prolongamento da sua visão.

Confesso nunca ter pensado sobre isso, passei a analisar com mais calma o assunto e disseminar, depois de opinião formada, aos demais. Li, reli sobre o assunto.

Outro dia, sentado a beira do Guaíba com um amigo, apreciando aos corpos humanos que desfilavam pelos corredores ensolarados da capital e ele me disse:

- Olha ali: o que tem de original naquele corpo feminino. Cortes, retiradas, implantes, silicone, enfim tudo foi revirado. Montaram um outro ser.

Remeti-me a “Frankenstein”, um moderno Prometeu, da escritora britânica Mary Shelley e as aberrações que causam no corpo em busca do padrão perfeição. Podemos citar uma infinidade de homens e mulheres que insistem nessas cirurgias, desnecessárias, e aqui fazemos questão de citar: Michel Jackson e sua transformação ao longo dos anos; e como não relatar Angela Bismarck, uma mulher que se casou com um cirurgião plástico famoso, Dr. Onix, depois brutalmente assassinado, cuja esposa era laboratório para suas novas e inovadoras cirurgias. Não contente se casou com outro cirurgião que fez com que a modelo (?) tornar-se virgem novamente. E agora me vem esta Anitta e suas diversas cirurgias plásticas, que incentivam e motivam àqueles que acreditam estarem fora dos padrões de beleza. Até mesmo o concurso de misses, famoso nos anos 80 com Silvio Santos, hoje podem as modelos se utilizarem das plásticas. Gurias com 20, 22 anos com cinco, dez, vinte cirurgias. Pode? Misses, ou seja, Martas Rochas, Veras Fichers remendadas? Não tem cabimento.

Necessidade não pode ser confundida com abuso, exagero. Essa pode ser uma felicidade momentânea.

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 30/03/2014
Código do texto: T4750132
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