O CHUPA-CABRA NO QUINTAL DO VIZINHO

"Um celular equipado com câmera na mão e uma ideia de jumento na cabeça". Esta é a frase que resume no que se transformou a arte cinematográfica. Agora é assim: todo mundo tem um celular com esse recurso, todo mundo filma. E, se nos remetermos às redes sociais, nas quais todo mundo tem um cadastro: quem filma tem canal para exibir seus filmes. E canal poderoso.

A leitura jornalística disso é a melhor possível: o fato de todo amador desvinculado dos veículos de imprensa e da corja que dirige e maquia as informações filmar e espalhar o que filma para um bom tanto de pessoas é extremamente importante, pois estaremos precisamente diante de registros que são veramente importantes para o nosso cotidiano e, o melhor de tudo, reais. Diferente daquela mentirada comercial que passa na televisão, que se ouve no rádio, que escrevem nos jornais e até nos portais de notícia na internet.

Por outro lado, aparecem os jericos da informação. Aqueles caras que se excitam com o poder que há em se ter condições de produzir vídeo. Esses caras aprendem o que há de melhor em termos de software de edição de áudio e de vídeo, bancam o roteirista imaginativo e criativo, montam um roteiro e dão a luz a um monte de merda. Aí, aquilo que é a salvação para a população vencer o Sistema, a mídia, a elite global assombrosa, se transforma em material comum de mídia, no qual nunca se deve confiar. E pior do que isso porque no material da mídia oficial o povo acredita, aqueles viram peça de humor barato, que em vez de dinheiro de patrocinador se contenta com números de acessos e compartilhamentos. Não parece que deram um jeito – a elite governante, a mídia e os tals – para se livrar do fenômeno da informação real veicular sem o controle deles? Não demora e a informação e o Poder tal qual eram voltam a ser manipulada e repressor como eram.

Mas é isso aí! Em tempos de reptilianos e de chupa-cabras, não podemos negar que a realidade não é mais o foco. Eu só fico grilado porque até a mentira ocorre na realidade e esta, embora seja percebida individualmente, sofre implicações coletivas. Daí nasce a indignação por pagar o pato por causa da falta de percepção do seu lugar no mundo e de como é gostoso ser independente, que parte dos alienados. Esses produtores de lixo e sua audiência parecem que não conseguem sair do condicionamento social e buscar experimentar o que é viver bem, como vivem os condicionadores e seus agentes de controle. Basta um esforço para mudar de perspectiva (e de contentamento com pouco ou com miséria) e a vida fica boa sem a necessidade de espalhar as bobagens que são vistas no lugar coisas sérias. É só ousar experimentar ser livre!