DESCOBRINDO A BORBOLETA

VOU-ME EMBORA PRA PASSÁRGADA

DESCOBRINDO A BORBOLETA.

Já são três sábados pela manhã, que saio com a dupla de netinhos, para ajudá-los a descobrir pedacinhos da Borboleta.

No primeiro sábado, por volta de dez horas, saindo da Rua Valentim Clemente, descemos a Rua Luiz Kelmer, até onde ela nasce, na Rua Tenente Paulo Maria Delage, andamos um pouquinho e acessamos a Rua Simão Gabriel Sffeir, por onde caminhamos por toda sua extensão, passando pela entrada do campo de futebol do Sport Clube Borboleta e passando perto da Escola de Samba Borboleta, no início da Rua Humberto Menini, começamos a descida, pela Rua Irmão Menrado, passando defronte à Fundação Aurílio Braga Esteves. Do outro lado da Rua, mostrei a eles a casa onde morei por alguns anos e onde atualmente ainda mora meu irmão primogênito. Eles, sempre “elétricos”, pulando e correndo à frente, ora parando e me esperando, sempre com segurança, não andando pelo asfalto. Paramos na padaria, logo adiante, onde comprei pães e para minha sorte, não haviam à venda os famosos ovos de chocolate com brinquedinhos dentro, os tais “kinder ovo”, que eles procuravam.

Continuamos nossa caminhada e passando defronte à loja de materiais de construções, MAKRO, mostrei para eles, bem defronte, o lugar onde eu havia nascido e passado bons momentos de minha infância, uma casa geminada, que havia sido derrubada e no lugar outra, também geminada agora estava ocupando o mesmo espaço. Antiga Rua “G”, 229.

Mais um pouco, já reclamando que estavam cansados, entramos num mercadinho de frutas e legumes e comprei algumas frutas e eles me ajudaram a carregar, mas, não, sem antes pegarem uma guloseima, cada um.

Retornamos pela Rua São Damião e Rua Braz Xavier Bastos Junior, passando por diversas lojinhas e outra padaria e de novo, pela Rua Tenente Paulo Maria Delage até a Rua Luiz Kelmer, que por sua longa subida requer pernas e corações fortes, chegamos até a casa deles, lá no alto, terminando assim o primeiro sábado de jornada e descobrimentos.

SEGUNDO SÁBADO:

Pelas mesmas dez horas, fui até a casa de minha filha, Adriana, para perguntar se os meninos queriam ir comigo até ao mercado fazer umas compras e me ajudar a carregar. Eles ficaram relutantes até que lhes segredei e à mãe deles que iria mostrar-lhes outra parte da Borboleta, que ainda não conheciam. Num pulo, foram calçar seus tênis e vestir shorts e camisetas.

Então, ao acessar a Rua Tenente Paulo Maria Delage, vindo do morro da Rua Luiz Kelmer, onde moravam, não entramos à direita, como fizéramos no sábado passado e seguimos descendo em direção à Igreja de S.Vicente de Paulo, cujo Santo é o Padroeiro do Bairro, passando por ela, continuamos a andar, em direção à saída do Bairro, passando pelo Posto Médico onde mostrei aos meninos o lugar onde antigamente eu estudei o Primário, até a terceira série e funcionava ali, num prédio que foi derrubado, a ESCOLA MISTA RURAL SÃO VICENTE DE PAULO.

Eles iam pulando e correndo, tagarelando e perguntando, até que chegamos defronte a PRAÇA IMIGRANTE ALEMÃO, onde viram numa extremidade da Rotatória que regula o trânsito de veículos, o MARCO DE PEDRA que está ali erigido, em comemoração ao Centenário da Imigração Alemã em Juiz de Fora – 1858/1958, com três placas incrustadas em cada face da Pedra, indicando os componentes do Poder Legislativo em 1858 numa, 1958 noutra placa e o símbolo da Cia.União e Indústria em outra. Mais à frente, perto do poste, quatro placas comemorativas estão fincadas no chão, mas, pelo tráfego de veículos no local, de difícil acesso. Eles já estavam dando meia volta, quando lhes disse que o melhor viria a seguir. Segurando-os pelas mãos, atravessamos a Rua José Lourenço e subimos uma rua, ou acesso, de piso de terra e nos dirigimos até ao local onde está a parte final, até então, da NOVA RODOVIA FEDERAL, BR-440, no trecho que corta a Borboleta.

A terraplenagem fora executada há tempos, cerca de seis anos e abandonada desde então, visto as dificuldades geológicas, sociais e financeiras, tanto do local quando da situação das empreiteiras. É de entristecer ver o local, os recursos alí despendidos com contenções de barrancos íngremes e movimentação de terra... e agora é um depósito de lixo, com imensas crateras, que lembram os “cânions” e obstáculos com pedras enormes no caminho e o matagal tomando conta de tudo. Nós conseguimos driblar os obstáculos e progredir no terreno, como desbravadores, com os meninos subindo e descendo e se desviando de imensas correções de formigas cabeçudas cortadeiras que trafegavam pelo local sem se desviar do caminho traçado por elas, levando até dez vezes mais o peso delas nas tenazes poderosas.

Na volta, descendo pelo acesso de piso de terra, os meninos descobriram pequeninas flores amarelas na lateral da rua e trataram de pegar algumas para levar para casa e entregar à Mamãe deles. Mais abaixo, já no asfalto, notaram que alguns pulgões de desprendiam das flores, ao aproximarem as flores do nariz, para cheirá-las e com medo, jogaram tudo fora e continuaram as peripécias de pular, correr e esperar, para atravessar a rua.

Após passar no mercado para algumas compras, onde pegaram uns tabletes de chocolates com adesivos, me ajudaram com as sacolinhas de compras, até chegar em casa, cansados e satisfeitos pela aventura do dia.

TERCEIRO SÁBADO:

Hoje, de manhã, telefonei para a casa deles e quem atendeu foi o João Valentim, que me respondeu que não queria sair comigo não, visto que estava jogando no computador e que o irmão, Igor Gabriel, também não, pois estava na TV jogando no X-box. Pedi então para falar com a mãe deles e expliquei que estava pensando levá-los até à Grota dos Lawall. Ouvi que ela falava com eles: - O Vovô vai fazer mas comprinhas, mas antes vai fazer um daqueles passeios com vocês. E então, topam? Ouvi uma sonora gargalhada de minha filha, que me relatou que, na mesma hora, eles largaram o que estavam fazendo e foram lá no quarto, procurar os tênis.

Um tempinho mais e estavam, os dois, prontinhos e enfileirados me esperando. Ambos estudam em Colégio Militar e são bem obedientes e ordeiros (quando lhes apetecem), João com sete anos e Igor com seis aninhos. Desta feita, fizemos o mesmo trajeto até a Praça Imigrante Alemão e passamos ao largo por ela, não sem antes me perguntarem se iríamos de novo lá encima. Com a negativa, disse a eles que desta feita iríamos mais longe e começamos a descer a Rua Júlio Menini, passando pelo “Morro do João Merotto” cujo passeio cimentado ladeava o córrego fedorento que corria e corre à céu aberto, cujo “perfume” foi de imediato sentido pelos dois. Um buraco no passeio chamou a atenção deles, que passaram equilibrando no meio-fio, como gostam de fazer sempre, em tais situações, e, mais à frente, um desabamento de mais da metade do cimentado do passeio, deixava profundo abismo onde se via as águas ligeiras que desciam nas pedras do fundo mereceu nossa atenção, para não passar para a pista dos carros, no asfalto. Continuando a descida, um laguinho, no terreno do “Zé Merotto”, bem à beira da cerca da rua, chamou a atenção da dupla que avistou nas rasas águas do lago, dois peixes bem grandes, um amarelo e outro alaranjado e mais dezenas de peixinhos tilápias que se confundiam com o fundo de folhas mortas do lago.

Deixando para trás os peixinhos, chegamos até a ponte de tábua, recentemente restaurada pela Prefeitura, pois estava um perigo passar ali, com tábuas carcomidas pelo tempo e frestas enormes entre elas. Mais à frente, uma escadaria também recentemente restaurada, embora toscamente, cujas bases para corremãos já estão fincadas, de 17 degráus, nos levou até à íngreme Rua Jacob Lawall, em cujo início se destaca a Gruta de N.S.Aparecida, com seu telhadinho e uma proteção que guarnece e protege uma pequenina imagem da Santa. Uma base cimentada e uma data, marca o dia da reforma da gruta, que era uma simples entrada numa pedra e uma nascente dágua que escorria dela, dia e noite. A tal água foi drenada e canalizada para o córrego adjacente e o local, desde 1963 é conhecido e visitado pelos devotos.

Subimos a rua, passando por casarões e prédios, até um Hospital Clínica Villa Verde, onde os meninos puderam conferir borboletas “Monarcas” que os acompanhavam no caminho e se depararam até com um “calango” ou pequeno lagarto, que ligeiro se escondeu pela lateral de um muro.

Lá pelo meio da rua, após passar pela outra rua que forma a Grota, Phillip Lawall, estava uma placa num muro, onde se podia ver o nome da rua. Como notei que João Valentim olhava muito para a placa, pedi para ele ler, para mim, o nome da rua. Ele parou, olhando para a placa, lá do outro lado da rua e falou, PASMEM, em alta voz: “ A vê. Iacóbe Lauál” (assim mesmo ele pronunciou – Não sabia que Av. significava Avenida. O resto já entenderam,NE?)). Segurei meu riso e disse comigo mesmo: - Ele deve ver muitos filmes e desenhos na televisão, além de já estudar inglês na escola, então... Blz.

O Igor Gabriel, este, estava entretido com uma bolinha perereca, que pelo caminho encontrou e continuamos nossa volta, já descendo a escadaria e subindo o Morro, de volta ao centro da Borboleta. Desta feita, passamos numa lojinha de carnes de frango, para comprar umas contracoxas e eles, já sedentos e cansados, pediram uma cocacolinha, pois que “água não tem gosto” como dizia o Igor Gabriel.

Degustando suas cocacolinhas, subimos a Rua Luiz Kelmer, entramos na Rua Valentim Clemente, onde chegamos em casa, cansados pela incursão desta semana.

Satisfação, 10. O preço? zero

VICENTE DE PAULO
Enviado por VICENTE DE PAULO em 13/04/2014
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