Carta de um ser no escuro.

Vejo o progresso como um inimigo a ser ocultado

uma ínfima sensação dele e algo o sobrepõe

como um assassino em cima de sua vítima

inevitável

prazeroso para o primeiro e tudo acaba para o segundo

Pessoas ao meu redor discutem filosofias

riem e compartilham experiências

eu as vejo e as escuto

mas não as deixo me ver nem escutar

não me permito entrar nessa dança de simplesmente viver o momento

O amanhã me espera impacientemente

e o hoje se vai desperdiçado e triste

o momento é como um devaneio de agonia

e o mesmo passa só pra dar lugar a outro

e outro

e outro

A sensação sussurra em meu ouvido

"vai a algum lugar?"

não, não vou

tenho que voltar pra casa e esperar o fim dos tempos

e só quando ele chegar ficarei satisfeita de não ter que ter progresso

me obrigo a chorar, mas sou reconfortada pela morte

e um dia me virá a sorrir.

Facas não fazem barulho
Enviado por Facas não fazem barulho em 23/04/2014
Código do texto: T4779542
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