Carta de um ser no escuro.
Vejo o progresso como um inimigo a ser ocultado
uma ínfima sensação dele e algo o sobrepõe
como um assassino em cima de sua vítima
inevitável
prazeroso para o primeiro e tudo acaba para o segundo
Pessoas ao meu redor discutem filosofias
riem e compartilham experiências
eu as vejo e as escuto
mas não as deixo me ver nem escutar
não me permito entrar nessa dança de simplesmente viver o momento
O amanhã me espera impacientemente
e o hoje se vai desperdiçado e triste
o momento é como um devaneio de agonia
e o mesmo passa só pra dar lugar a outro
e outro
e outro
A sensação sussurra em meu ouvido
"vai a algum lugar?"
não, não vou
tenho que voltar pra casa e esperar o fim dos tempos
e só quando ele chegar ficarei satisfeita de não ter que ter progresso
me obrigo a chorar, mas sou reconfortada pela morte
e um dia me virá a sorrir.