Cobranças

Minha mãe sempre me dizia para estudar, para ter um futuro melhor; obedecia, estudava, fazia as tarefas; ela me cobrava se havia feito tudo. De criança passei para a adolescência; e ensinava-me e cobrava as mesmas coisas; talvez um pouco mais, porque já estava terminado meus estudos e entrando na juventude. Agora era hora de arrumar um emprego, para também manter meus estudos do ensino superior. Não só como meus pais, mas também minha família; era hora de assumir postura de homem. Escolhi administração, muito comum, havia muito campo, indicação de uma tia minha. Consegui uma vaga numa gráfica. Ótimo, tenho um emprego e estudo, sou um cidadão de bem. Na empresa começaram as perguntas seguidas de zombaria, porque não tenho uma namorada? Ora, simplesmente não quero. A cada dia piorava. Arrumei uma namorada, até que bonita e simpática. Passaram-se quatro anos. Você não vai se casa? Mas não era hora. Lembro de minha mãe dizendo para não casar sem me preparar. Falava que era loucura. Concordo com ela, seria muita dor de cabeça. Comprei uma casa, uma moto, mobiliei a casa. Tudo pronto. Casei-me. Decorreram alguns anos de casado e me perguntavam se eu não teria filhos. Para não esperar muito, porque a velhice chega e devo educá-los quando tenho condições. Nasceram. Um casal de gêmeos. Criei da mesma forma que fui criado, mas deixe-os mais livres em suas idéias; nunca gostei de palpites em minha vida. Meus filhos cresceram, a menina casou e meu menino não quis, vive sozinho. O que posso fazer é escolha dele. Cheguei à minha velhice e percebi que vivi o que a sociedade queria. Nunca concordei, mas acabei aceitando.

Dionísio
Enviado por Dionísio em 07/05/2007
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