A RASTEIRINHA

Na última crônica eu escrevi que não tinha assunto. Alguns leram, comentaram e outros enviaram e-mails. Apesar de tudo, concordam comigo quando digo que há horas que realmente não se tem assunto – parece tudo fugir.

Estava sem fazer nada em casa e lembrei que a minha ‘dama’ comentou que gostaria de ter uma rasteirinha para usar com determinada peça de roupa que havia ganhado. Pra quem não sabe, rasteirinha é uma sandália quase sem salto, ou totalmente sem, e que é uma delícia para andar – segundo as que a usam. Para não deixá-la desapontada, fui buscar. Afinal, é dia de ‘niver’ dela – e comemoramos ontem com grande estilo onde nos reunimos no almoço entre parentes e amigos.

Dirigi-me para uma loja de umas conhecidas minhas e, como conheço todas que lá trabalham, cheguei no balcão e disse exatamente assim: “Oi, ‘Menina’, você tem rasteirinha branca, bem bonita, número trinta e sete? Mas que sirva no meu pé!” – e estendi a perna mostrando o meu pé de número quarenta e um. Ela entendeu muito bem, começou a rir e chamou outra atendente para me atender – pois ela encontrava-se ocupada ‘conversando’ com uma bela loira.

A outra atendente veio me atender e fui com ela ver as tais rasteirinhas. Fiz a escolha – afinal era uma mais bonita que a outra, na cor branca, com pérolas por cima. Até aí tudo bem, mas quando cheguei para acertar, a primeira atendente estava a ‘morrer de rir’.

Olhei pra ela e indaguei sobre o que estava acontecendo. Ela disse-me: “Sabe aquela loira que estava aqui?” “Sim...” “Quando você disse que queria uma rasteirinha número trinta e sete e que servisse no seu pé, ela acreditou e ficou olhando no seu pé.” Não agüentei e comecei a rir novamente. E ela ainda acrescentou: “Mas será que cabe no pé dele mesmo?” Mas risos ainda.

Depois de rirmos bastante, a atendente disse-me que há determinados ‘jovens’ que chegam na loja e pedem belas sandálias – mas de número trinta e nove, salto Luis XV, e que por toda ‘lei’ tem que caber no pé de número quarenta e tanto... São as tais transformistas – nada contra; mas acreditar que eu vá usar uma rasteirinha? É de matar, não? Ainda mais eu, um belo loirão (cabelo pintado) de um metro e setenta!

07 de Maio de 2007.

Prof Pece
Enviado por Prof Pece em 07/05/2007
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