O CASAMENTO

Recordo-me de que ao chegar a Linhares em 1968, havia quatro locais onde se poderia ser fotografado: o Foto Gava (próximo ao cemitério do centro), pertencente ao Sr. Luiz Gava, o grande pioneiro dessa arte no município; o Foto Gury (na rua Soeiro Banhos, onde hoje é uma selaria), e o Foto Arte (próximo ao Minibar) do saudoso José Maria Javarini.

No início da década de 70, após aposentar-se como oficial do Exército Brasileiro, meu pai decidiu ser fotógrafo e abriu o Foto Vitória, que funcionou em quatro endereços (todos próximos ao Banestes do centro de Linhares), e a meu irmão Neolúcio pertenceu até recentemente. Devo ao meu genitor todos os ensinamentos, a paixão que tenho pela arte fotográfica, e a honra em poder dizer que sou a primeira mulher que teve coragem de empunhar uma câmera e fotografar profissionalmente na Cidade do Verde e das Águas.

Passei muito sufoco para aprendê-la, fiz muita “cáca”, estraguei muuuuuito papel, mas me apropriei da técnica e graças a isso mereci, durante muitos anos, a honra de ser escolhida para fotografar diversos eventos importantes, dentre eles os casamentos, aniversários e os filhos de muitos linharenses ilustres.

Um filme envolvendo o tema desses parágrafos iniciais passou dentro da minha cabeça, quando na noite de 26 de abril de 2014 eu assisti à cerimônia religiosa do casamento de Luciana Durão Pandini e Saulo Uneida Zanon, brilhantemente celebrada pelo padre Selésio Petri na igreja Matriz, onde centenas de vezes eu atuei como fotógrafa.

Ao ver a entrada triunfal e emocionante dos pais da noiva, Adriana e Cirilo Pandini, e os do noivo, Lucileia e Guerino Luiz Zanon, eu me recordei, claramente, de detalhes dos casamentos desses dois casais, pois fui eu que fotografei as cerimônias e as festas de seus casamentos, em duas manhãs de sábados, em datas diferentes, há cerca de 28 anos, talvez.

Ao longo de minha carreira como fotógrafa, eu vivi o tempo em que as recepções eram realizadas nas casas das noivas, onde, em determinado momento, fazia-se a foto do casal lendo telegramas ou segurando uma panela de pressão, perto da cama dos pais da noiva onde ficavam os presentes. Rs,rs,rs.... Algum tempo depois, o chique era fazer as festas na Lagoa dos Paus, em alguma fazenda, no Guararema Clube, na AABB ou no Banestes.

Tenho recordações sobre esses tempos, que dariam diversas crônicas e pretendo escrevê-las brevemente, mas para esta eu me lembrei de duas festas de casamentos inesquecíveis: a da filha do então prefeito, Antônio Muniz dos Reis, e o de um casal de ciganos.

A primeira foi no clube da AABB, tinha um buffet comandado pela culinarista Élida Maria Rigoni Caus, que o iniciou servindo finos canapés, em vez dos habituais (medonhos de feios) espetões de madeira com pedações de carne, assados pelos próprios convidados em uma vala, contendo brasas. Como acredito que TODOS os correligionários haviam sido convidados, assisti, aflitivamente, à uma multidão faminta avançando sobre as bandejas conduzidas pelos garçons, quase derrubando-os.

Já o casamento dos ciganos aconteceu em uma área onde hoje é o bairro Colina, se bem me lembro o menu era churrasco, mas do que eu mais me recordo mesmo é da duração da festa: uma semana!

Mas, voltemos ao casamento de Luciana e Saulo, filhos de famílias que têm posses o suficiente para realizarem uma festa que, dificilmente, será igualada por outros nesta década, em virtude do extremo bom gosto na escolha de tudo, desde as roupas maravilhosas das mães e avós dos noivos, produzidas por Telma Orletti (Lucileia) e Caramello (Adriana e sua mãe, a maravilhosa Dona Dilene), até à contratação do grande responsável por surpreender, agradavelmente, os nossos cinco sentidos a cada minuto: Alexandre Araújo!

Graças a esse profissional, nossos ouvidos se surpreenderam com os violinos, clarins e pistons na entrada da noiva na igreja e saída dos noivos dela. Também foi dele a escolha do nome que surpreendeu agradavelmente os nossos olhos: Regina Malacarne, que produziu deslumbrante decoração, usando 15 tendas, todas com os pisos forrados de carpetes ou tapetes, pilastras, lustres lindíssimos, peças decorativas maravilhosas, e um lindo bolo fake produzido por Jandira e Almerinda.

Graças à escolha dos serviços de Maria José Neves (ZZ), de Camila Galavotti, de Maria Fernanda Belisário e de Louise Lacourt, os paladares dos 600 convidados se deliciaram, respectivamente, com as comidas japonesas ou de boteco (ambas com autosserviço), ou com as delícias servidas por garçons: coquetéis, refrigerantes, água de coco, whiskies, cervejas, pró secos, tintos do naipe do “Azul”..., os ramequins , tortelets, quiches, finger foods ( destaque para o bacalhau com natas e alho poró, e o camarão VM com catupiry), patinhas de caranguejo, cento e vinte quilos de camarão pistola ao molho agridoce, seis mil doces finos, um bolo de corte e dois mil bem casados, todos maravilhosos.

Os mimos não ficaram apenas na audição, visão (ao término da festa, como cortesia, recebemos uma bela foto colhida por um profissional na chegada dos convidados), olfato ou paladar; estendeu-se ao “tato”, quando as mulheres receberam um lindo par de chinelinhos para aliviarem os pés.

Eu não precisei de nenhuma câmera para registrar os muitos detalhes dessa festa, mas lego essa crônica aos noivos, suas queridas famílias, aos convidados e a todos os profissionais que trabalharam em uma festa que entrou para história dos lindos casamentos linharenses.

Especificamente ao Alexandre Araújo, eu peço que na próxima vez convença os seus contratantes a fazer tudo igual ou superior ao casamento de Luciana e Saulo Uneida Zanon, mas com duração de casamento de ciganos.

Ah! E que me convidem para eu registrar nos ASCL: Anais dos Super Casamentos Linharenses. Rs,rs,rs...

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 01/05/2014
Reeditado em 05/05/2014
Código do texto: T4790107
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.