OS ADVOGADOS DO DIABO
 
 
Ainda na faculdade, em conversa com os colegas, surgiu a afirmação dos defensores do “bicho feio” que todo advogado tem um lugar reservado no inferno. Imediatamente surgiu um esdrúxulo comparativo com o termo “advogado do diabo”, quando dei uma grande risada e expliquei aos colegas o porquê de tal expressão: “Antigamente, durante o processo de canonização pela Igreja Católica, havia um Promotor da Fé (Latim Promotor Fidei), designado pela própria Igreja, cuja função era encarar com ceticismo o candidato à canonização, procurando lacunas e falhas no processo (por exemplo, inconsistência nas provas dos supostos milagres, etc). Por exercer essa função, o Promotor Fidei era popularmente conhecido como "Advogado do Diabo" (Latim advocatus diaboli)”. Portanto, nada tinha que ver com a conversa.
 
Naquele dia ainda completei a brincadeira outorgando de próprio punho uma procuração para a esposa do defensor que os advogados detinham cadeira reservada nos calabouços da escuridão. Dessa forma, ele, meu colega de faculdade, e sua adorada esposa poderiam ir juntos. Brincadeiras à parte sempre fico a pensar quando vejo declarações de advogados que ao defender seus contratantes inventam as piores e mal engendradas desculpas para justificar seus crimes, é de uma burrice sem tamanho, e pior que ao advogado defensor de determinada causa lhe é vedado pelo código de ética a dar entrevistas ou emitir juízo de valor sobre o caso, mas meia dúzia dos causídicos desavisados teimam em falar besteiras que chegam a doer nos nossos ouvidos, quando não são trágicas servem de chacotas e risadas nos botequins.
 
A propósito das besteiras que os advogados falam, estão em evidência as desculpas de dois advogados que todos os dias enchem nossos ouvidos com besteiras e desculpas tresloucadas, refiro-me ao caso do Bernardo, uma inocente criança que teve sua vida tirada de forma cruel e covarde por duas malucas, que se em um país sério já estariam condenadas a prisão perpetua ou a pena de morte sumariamente, porque pelas provas e depoimentos não existe mais nenhuma dúvida da culpabilidade dos três envolvidos na morte do inocente. E o pior de tudo isso é que não existe motivo para tal crime, salvo se de fato fosse intenção financeira na herança deixada pela mãe da criança o que por si só já é motivo de sobra pra ficarem pelo menos uns trinta anos na cadeia, considerando a torpeza e o motivo fútil.
 
Segundo os advogados, o pai de nada sabia, apesar de está presente no suicídio da esposa dentro da sua clínica, o que agora será investigado, e ainda, a sua procura pelo filho desaparecido sem nenhuma emoção de pai. Afirmam que a madrasta não teve culpa alguma, apenas aplicou um sedativo em grande quantidade e a criança veio a óbito e com medo ela enterrou a criança e jogou bastante soda cáustica. É de uma imbecilidade sem tamanho, o advogado esqueceu que a acusada é enfermeira e, portanto, sabe de dosagem de remédio, e se foi um acidente, porque jogar soda cáustica sobre o corpo? Quanto a co-autora, diz o advogado que seu depoimento não é válido, porque não havia advogado presente, mero detalhe técnico, mas graças ao depoimento encontrou-se o corpo e soube-se da causa morte. Ainda bem que ele alertou o MP, que ainda vai oferecer a denúncia. Vamos esperar para ver o julgamento e quantos anos ficarão no calabouço, considerando que dessa vez não terá diabo que os salve.