VIVO

VIVO

Sábado, mais ou menos 14:00 hs., as luzes do modem brilham verdinhas, estou em contato com o mundo e com o Recanto. Súbito, as luzes piscam nervosamente e junta-se as verdes, uma de vermelho vivo, piscando intermitente. Pronto, perdi a conexão, morri para o mundo, mas vou ressuscitar graças a super Vivo.

Ligo para a Central de Atendimento e começa o calvário:

Você ligou para a Vivo ( e aí uma ladainha interminável ),

anote o nº do protocolo 20141776454473 ( será que esse é o nº de reclamações recebidas, assustador!!! ), estamos transferindo sua ligação para um de nossos atendentes.

Entra a indefectível musiquinha e a ligação cai.

Nova ligação, de novo o mesmo blá,blá,blá e a ligação cai, e assim ocorre, por pelo menos MAIS 7 vezes.

Hora de sair com a neta e abandono a Vivo, morto de raiva.

Volto para casa por volta das 22:00hs. E resolvo deixar o assunto para o domingo cedo, quem sabe dê certo.

Por volta das 09:00hs. Ligo e depois do mesmo rame-rame consigo finalmente falar com uma Viva alma, que na maior calma do mundo me informa que o sistema de ordens de serviço da operadora estava com problemas e assim não poderia registrar a solicitação de reparo, e que eu fizesse a gentileza de ligar após as 18:00hs.. Pergunto se a operadora não dispõe de nenhum plano de contingência para essa ocorrência e laconicamente a resposta é um gentil, “não”. Não dá nem para registrar uma reclamação ( VIVA VIVA, ou melhor VIVO, VIVO ).

Contrariado resolvo ligar para a ANATEL, doce ilusão, ou melhor, amarga. Provavelmente a ANA deve ter saído para passear com as outras ANAS, a das águas, a da saúde, e o telefone nem tchum. Penso em ligar para Francisco, no Vaticano, quem sabe ele me atende com sua simpatia, mas resolvo não fazê-lo, afinal não quero incomodá-lo na hora da benção aos fiéis, e também penso que ele ainda não foi santificado, o que o impede de fazer milagres.

Assim, assisto a inauguração do Itaquerão e morro de vergonha de minha indignação, afinal num estádio que custou milhões, os telefones celulares não funcionam e a estrutura de comunicação está capenga, sendo santista sofro pelos corinthianos.

Mais ou menos as 18:30hs. torno a ligar e até cumprimento a gravação, mas, nova surpresa, sou informado que se o problema é de conexão devo ligar de outra linha, para deixar a minha linha desocupada, para testes e tentativa de sanar o problema a distância. Lá vou eu ao celular, mais um recital, músicas e umas dez transferências para pessoas diferentes. A cada uma o nome, CPF, qual o problema e após testes, que devem ser mirabolantes, não conseguem resolver o problema. Informam que enviarão técnico e que o prazo é de 24 a 48 horas. Agradeço a competência e a gentileza do atendimento e vou dormir sonhando com luzes alienígenas que não param de piscar.

Segunda-feira, 09:30hs. Toca a campainha e lá estão os técnicos da operadora, incríveis 12 horas mais cedo que o programado ( VIVA, digo, VIVO ). O reparo não dura mais do que 15 minutos, o modem, embora piscasse incessantemente, estava queimado. O preenchimento do boletim de atendimento leva uns 40 minutos, afinal são dados e mais dados do aparelho, números de registros e mais uma série de códigos. Assino, fico com uma via e o técnico me pede para responder por telefone uma pesquisa sobre a qualidade do atendimento. Disponho-me a responder e ele liga para uma central, que liga para minha casa, mas, infelizmente a ligação cai por 4 vezes seguidas, o que faz o primoroso técnico desistir de minhas respostas.

Acompanho-o até a porta, despedimo-nos e reconecto-me ao mundo. Não passam 5 minutos e toca a campainha, é o carteiro, a correspondência é a fatura mensal da operadora, fico extremamente feliz com a eficácia na cobrança, realmente essa turma sabe ganhar dinheiro.

No fundo, no fundo, o que mais me aborreceu nessa história toda é ter sido privado de ler Rolim, Lian, Cely, Ilmar ( fiquei sem as piadas do domingo ), Beto BP, Zuleika, Beth Lucchesi, Regina Madeira, J. Coelho, Emmanuel, Nilmari, Antheps, Marlene Toledo, Lilla Wood, Lenapena e tantos outros poetas que alegram os dias e as manhãs de domingo. Que bom que ainda existe poesia.

P.S. : Num jornal de domingo o famoso escritor Salman Rushdie, que esteve no Brasil fazendo palestra proferiu a seguinte frase “ Neste aeroporto me sinto em casa. È como na Índia. Nada funciona e ninguém se importa “.

O estadista Lula da Silva também aparece dando sua contribuição frasistica “ Vai a pé, descalço, de bicicleta, de jumento, de qualquer coisa. Mas o que a gente está preocupado é que tem que ter metrô até dentro do estádio?

Que babaquice é essa? “ em palestra para blogueiros sobre a falta de estações de trem que servem estádios da Copa.

A Índia é um consolo relativo ( o que seria de nós sem a teoria da relatividade de Einstein ), o ex uma agressão a inteligência.

OREMOS!!!!!!

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 20/05/2014
Reeditado em 20/05/2014
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