Inverno 97

Neste inverno senti a frieza da alma nos ossos. Frieza que o calor humano não supera. Há, na alma, um silencio frio, inquieto e lento na pele.

No íntimo, caiu a temperatura.

Não posso tocar num ego gelado, numa pessoa fria. É uma fase sólida, face sólida.

Preciso vigiar, vestir-se com um casaco de amor para que frios súbitos não me tomem por surpresa. Esse agasalho não foi cosido pela frieza mecânica da máquina, mas com mãos calorosas.

Calor, lágrimas ensopam o âmago.

Uma fase gasosa.

Porto Real do Colégio, 16 agosto de 1997.

Ron Perlim
Enviado por Ron Perlim em 10/05/2007
Código do texto: T481875
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