VIRADA DE MESA

VIRADA DE MESA

(Um conto de Anesio Silva)

Não, não estou falando de nenhuma virada de mesa no futebol, como vocês estão pensando. Esta historia e sobre o reverso da medalha, a mudança de uma situação como nunca vi igual. Eu disse nunca vi? Mais eu vi, não foi ninguém que me contou e não e fruto da minha imaginação.

Dijalminha era filho do Djalma, um pistoleiro que pertencera no passado ao bando do cara suja Um bando que matava roubava e explorava a prostituição nos idos da década de 60 em Volta Redonda.

Dez anos depois, na minha adolescência, alguns amigos mais velhos, trabalhavam em uma firma de construção civil de propriedade de Djalminha e naqueles dias difíceis enfrentava serias dificuldades para pagar os empregados. Um belo dia, eles resolveram cobrar as dividas e foram todos ate o barraco onde o dono da firma morava e era bem perto de casa, pois o morro ficava pra cima da lojinha da Laurita , o Magazine De Paula., próximo ao extinta Grupo Escolar Savio de Almeida Gama onde fiz o primário, hoje transformado em um simples deposito de bebidas.

Eu, um garotão desocupado e avido por aventuras, sem ter nada com o caso fui junto com a turma e o que mais se falava era que eles teriam que receber o pagamento de um geito ou de outro.

Vamos dar uma surra naquele safado ele vai ver só, ou paga ou apanha.

A turba esbaforida chegou em frente ao barraco e gritava

:Dijalminha seu safado, sai dai pra fora pilantra. Djalminha era um moreno magrinho e naquele dia vestia uma calça e uma jaqueta Jean e tinha na cabeça um pequeno chapéu de feltro negro. Gente eu nunca vi uma cena como aquela:

Um Djalminha, calmo e sorridente, usando um bigodinho fino apareceu diante da turba exaltada e entre eles estava o meu primo Carlos que adorava uma confusão e o mínimo que diziam era mata/ esfola/ vamos linchar este safado.

Eu que já presenciara um quase linchamento, uma vez que um ladrão se aproveitou que estávamos jogando uma pelada no nosso campo que ficava onde atualmente e o Jardim da Infância que fora antes a Barraca, a quitanda do meu pai e foi ele mesmo que impediu o linchamento do Marruco, era este o nome do ladrão. Bem, por causa disso naquele dia eu pus as barbas de molho(Eu nem tinha barba ainda), fiquei cabreiro.

Como eu disse,, Djalminha

Com muito sangue frio enfrentou a turba enfurecida.

Mata/ esfola/

Calma pessoal, tudo vai dar certo, o dono da obra já conseguiu o dinheiro e vai pagar a gente. Eu também estou na mesma situação, to sem dinheiro. Vocês perceberam que ele se colocou em igualdade de condições com os seus empregados? E logo, depois mudavam de assunto, contaram piadas. Isso mesmo chegaram a contar piadas e todos riram a valer e pra terminar esta historia, saíram todos para um barzinho e foram tomar cerveja.

Se Receberam o pagamento, ninguém me participou. Quem sabe você que esta lendo saiba a resposta. Mais que houve uma grande virada de mesa, la isso houve.

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ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 26/05/2014
Código do texto: T4820558
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