O consumismo e as datas comemorativas

Estamos às vésperas de mais um grande dia para a sociedade ocidental – o Dia das Mães. E mesmo correndo o risco de muitos me tacharem de chato, do contra e do que mais for possível ser chamado, vou escrever sobre o “grande mercado persa” que nossas datas comemorativas tornaram-se. Mas também sei que uma meia dúzia de gatos-pingados irá concordar comigo, por ser este blog ser um espaço democrático e com total liberdade de expressão.

Já faz algum tempo que nossas demonstrações de estima pelos nossos entes queridos, companheiros e afins só se completam quando os presenteamos com alguma lembrancinha, pois se for de outro jeito nosso carinho e amor será tão vazio quanto à garrafa de coca-cola que jogamos no lixo. Mas já paramos pra pensar um pouco nisso? Sim, não, talvez, sei lá o shopping está muito cheio e tenho que comprar aquele CD antes que a loja feche... Bom vamos então tentar fazer isso agora?

Domingo é o Dias das Mães. Mas parece que há semanas vivemos na expectativa desse grande dia, pois mal tinha passado a Páscoa (outra data importantíssima, segundo o nosso calendário mercantilista) e já estávamos pensando(?) no dia das nossas tão amadas progenitoras – não sei por que, mas parece que essa palavra soa de forma um pouco desagradável para uma atitude tão bonita. E lá se vão comerciais no rádio e televisões de telefones móveis, roupas, perfumes, refrigeradores, utensílios domésticos e outra gama enorme de presentes que nos façam lembrar de nossas amadas e queridas mamães.

Alguém pode vir a perguntar o que eu tenho contra as mães. Eu direi que nada. Afinal que tipo de monstro pode não valorizar uma série de atitudes que exemplificam altruísmo e amor, que na minha modesta opinião é ser mãe. Pois não vejo outra explicação para que uma mulher aceite em seu corpo um ser que vai alterar o seu humor, modificar seu corpo (algumas de maneira irreversível) e modificar radicalmente a sua vida pelo tempo em que ela tiver consciência de si mesma, e, ainda assim, amar aquela criaturinha que ainda nem tem rosto, mas que ela já enxerga com nitidez seu corpinho ainda em formação. Mas também vocês irão concordar com o fato que nós passamos o ano inteiro na expectativa de com o que vamos presentear ou ser presenteados nessa ou naquela data, que foram criadas, em sua maioria pela mídia (olha ela aqui de novo – monstro cruel e desumano), para que possamos absorver tudo o que está sendo produzido em nossas fábricas, pois do contrário muitos de nós perderemos nossos empregos. Mas essa é uma questão para ser discutida um outro dia.

Todavia, será que estamos realmente pensando em quem gostamos ou apenas agindo por “instinto”? Não seria mais prazeroso ao invés de entregar algo material, às vezes por pura obrigação, passar uma tarde ou até mesmo um dia inteiro com nossos entes? Que tal tentar reatar laços, desfazer mal-entendidos, mostrar realmente como o outro é importante para nós, seja mãe, pai, filho, namorado. Não importa o grau de ligação. Tenho certeza que sim. Mas isso vai de pessoa para pessoa. Cada um sabe como anda a sua vida e sua predisposição para abraçar verdadeiramente o outro.

Mas enquanto não nos libertamos dessas obrigações sociais e mercadológicas, aproveitemos o dia de hoje, pois os shoppings ainda estão abertos e não queremos ser tachados de filhos ingratos, não é mesmo? Então... Feliz Dia das Mães e até o Dia dos Namorados.