Flamengo, Botafogo... Carta Aberta

Flamengo, Botafogo... Carta Aberta.

Senhores,

Aqui, no lugar que estou, existe muitas vagas. Vim para aqui e estou preparando moradas para vocês – pelo menos três vagas. Espero-vos com o coração cheio de alegrias, júbilos e uma tremenda torcida. Quando estive ai com vocês, senti que era muito querido por vocês. Tanto que sempre que convidado, por cortesia, cedi sempre os primeiros lugares para vocês. No final, educadamente, fico sempre com os vices lugares.

Aqui no segundo piso, é muito bom e acho que vou permanecer por aqui, gozar desta delícia pela segunda vez. Tanto gosto que torço para que vocês possam também se alegrar com a minha alegria.

Tenho convicção e confio que vocês não se comportarão como nosso coirmão, aquele todo lambuzado de talco, multicolorido, que da última vez que aqui esteve não pagou estadia, brigou com a chefia do condomínio, chamou a polícia, bagunçou tanto que foi escorraçado para o “terceiro piso” e em lá chegando, tão mal afamado estava, que não foi aceito. Ele, dando uma de “migué”, alegou está sendo perseguido, descriminado por ser cheiroso, encostou o “ascensorista oficial” na parede, obrigando-o, usando um ”tapetinho”, à leva-lo de volta para o primeiro piso”. Foi um reboliço geral. O “primeiro piso” contaminado pelo vírus “havelange”, de volta o acolheu.

Recentemente, ufa! Que alívio! Quase que ele retorna aqui para o “segundo piso”. O pessoal que aqui está tremeu na base. Aquele cara de novo? Gritavam – esses das manifestações: “Terceira, terceira, terceira”! Gritaram tanto que acordaram o “ascensorista oficial”, que acordou e, milagrosamente e usando um questionável argumento legal, desta feita um “tapetão”, magicamente apareceu, o resgatou e livrando-o da marca do pênalti, manteve-o no “primeiro piso”. A Portuguesada chiou barbaridade, mas não adiantou. O mérito técnico perdeu para a toga sem técnica! O futebol perdeu feio para a burocracia...

Mas retornando à paisagem, às moradas aqui do “segundo piso”. Posso lhes afirmar que o ambiente é sereno, tranquilo. Poucas cobranças, poucas luzes de ribalta, mar de Almirante (Ops! Não o Gama).

Os amigos, novos e os velhos, são mais dóceis, mais solidários. Tão solidários que de vez em quando se ajudam, não deixam ninguém “cair” para o outro “piso’. Fazem até vaquinha, nunca uma zebra, para contratar até pai de santo, para custear um rápido tour aí no “primeiro piso”, onde vocês se encontram provisoriamente e imerecidamente. De olho no futuro, sabe como é né, para garantir o leite das crianças. Não sei se vocês já se deram conta, tal como eu, que vou aí, passo uma temporada – tribulada é verdade!-, mas logo , logo me bate uma saudade louca daqui do meu lugar, meu “segundo piso” adorado, pacato ao qual muito me afeiçoei. O “primeiro piso não é a nossa “grama”, mais ainda quando nela colocam uma bola para ser bem tratada. “Por favor, tirem a bola”!

No “segundo piso” nada é de primeira, tudo é de segunda. Hotéis, Arenas, datas/horários dos jogos, renda, público, até TV não é em HD... Primeira é coisa de privilegiados. Aqui de primeira só notícias de quedas do “Garoto do Placar”, ou de fezes voadoras embaladas em vasos, arremessadas sobres a duras cabeças de abnegados “sofredores”.

Sabe, não sei por que tanto preconceito com o “segundo piso”. A últimas edições do Brasileirão, tem sido palco de enormes emoções. Dá-se maior destaque, faz-se o maior auê, aos coirmãos posicionados na Z4 do que no G4... A imprensa especializada dedica horas midiáticas aos últimos e não aos primeiros. Os Campeões de outras edições são logo esquecidos. Entretanto, os da Z4, os passageiros, viajantes do “segundo piso”, jamais são esquecidos. Assim como eu, vocês também o serão.

A transição do “primeiro piso” para o “segundo piso”, é festejada com fogos de artifício, lágrimas a escorrerem pelas faces como cataratas.

Uma festança: “Segunda, segunda, segunda”...

Uma festinha: É Campeão, é Campeão e... Só!

Finalizando, estou aguardando vocês de braços abertos.

Sds.

Vasco.

BNandú 29/mai/2014

P.S. (1)- Aqui no “segundo piso” têm-se observado uma enorme procura de reservas:

Vitória, Santos, Palmeiras... Fluminense (?).

(2)- Sou flamengo tenho um time chamado “ruindeza”!

BNandú
Enviado por BNandú em 31/05/2014
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