NO PONTO DE ÔNIBUS

- Me empresta dez paus.

- Dez paus?! Não tenho!

- E cinco?

- Cinco? Tá bom... leva esses três, preciso comprar um maço de cigarros.

- Pára de fumar, cara!

- Ahhhh, é? E pra quê é esse dinheiro? Pensa que eu não sei...

- Isso não é da sua conta...

- É... não é, mesmo! Assim como se eu fumo, ou deixo de fumar, não é da sua, tá bom?

- O que é, cara, tá me estranhando? Só porque me emprestou essa merreca, tá tirando uma comigo, qualé?!

- Num tá bom, devolve!

- Toma essa porcaria, enfia isso no rabo...

- Eu não vou catar isso no chão, não! Me entrega na mão...

- Áara, vá se catar, ô folgado!

- Eu??? Quem tá na merda é você, mané...

- Mané não, cara, eu tenho nome.

- Tira esse dedo do meu peito... toma, desgraçado!

- Filha da mãe!... Aaaiiiii meu estrômago!

- Você provocou...

- ??????!!

- !!!!!!!!!!!????

- Êi, tiozinho, larga esse dinheiro aí... ele é meu!

- Achado num é robado!

- !?

- ?!

- Iche, deixa ele... tá precisano mais que nós!

- Ahhh, é? E eu, cumé qui fico?

- Deixa pra lá... ainda tenho dois paus aqui! Fica com eles...

- Mas, e o cigarro?

- Ainda tem três no maço.

- Tá bom, amanhã te devolvo a grana.

- Desculpa aí, pelo soco...

- Ó, daqui a pouco, a dor tá curada, hehehehe! Até amanhã.

- Inté, ô Mané!

- Óia!!!