Meninas (per)feitas

Na Idade Média, entendidas como adultas-anãs, elas cedo se enfronhavam nas ciências da costura, culinária e gerência do lar, numa tentativa de logo se tornarem prendadas o suficiente para serem donas de casa exemplares.

Passados os longos anos das trevas, lhes foram permitidos os estudos e brincadeiras. Aprendiam a arte em pensamentos e idéias, leituras de poemas e aulas de piano.

Hoje, empurradas pela contemporaneidade, andam soltas, com suas plataformas coloridas, aros de aço espalhados pelo corpo, cabelo passado a ferro, celular em punho. Quebram a cabeça em fórmulas matemáticas e geralmente são conhecedoras de inglês, espanhol, português e bloguês.

Objetivos e desejos mudaram completamente: a garotinha que era obrigada a mergulhar diretamente no mundo adulto para servir bem ao marido agora tem como maior objetivo aparentar uma mulher mais velha,capa de revista.

Analisando a diferença entre a construção de mulheres adequadas e adaptadas aos valores e pontos de vista social de cada época é possível dizer se a história dessas garotas evolui ou retrocede? Haveria forma de dizer qual época foi a melhor?

E é ao perceber a submissão em relação ao marido da dona de casa,o preconceito masculino violento que atinge as artistas com vontade de crescer e o metrossexualismo deprimente e compulsivo das pequenas réplicas de modelos e atrizes que notamos a insuficiência e incompletude guardada no fundo da alma.

Talvez esse vazio nem seja tão ruim,uma vez que causa reflexão e que acompanha a história das mudanças sociais...

Mas com certeza será necessário adicionar o prefixo im ao parênteses do meu título.