Os erros

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Os erros existem para serem admitidos, de que adianta protelar para assumir. Quando eles ocorrem, não adianta procurar novas saídas, enquanto essa estiver bloqueando todos os seus sucessos.

Não é fácil pedir perdão nem admitir quando falhamos, mas de repente levantar a cabeça e reiniciar tudo talvez seja menos penoso do que ficar se escondendo na casca como uma tartaruga. Perfeito ninguém é, o que realmente incomoda é perder, derrotas sempre deprimem as pessoas e as deixam magoadas e sem vontade de prosseguir.

Um dos erros que mais cometo e mesmo que sejam repetitivos sempre doem igual não importa como, onde e porque eles ocorrem, são os erros no meu julgamento, com relação as pessoas que me cercam. Há uma versão diferente pra cada sorriso pra cada querer, dar ou receber. A maldade não tem molde, não tem cor, não tem impressão, ela apenas existe e nem sempre eu sei distinguir quando ela se instala.

A reação que eu tenho quando sou enganada nesse sentido é dilacerante, tudo porque eu procuro ajudar, digo que não quero nada em troca, mentira, quero sim, quero e espero sempre um agradecimento, um sorriso de alegria, um obrigado mimoso, terno e rápido, fazer tudo de graça, não sei sé é meu forte, pois na verdade, sempre se almeja uma palavra gentil, ainda que breve e pequena, com certeza será de maior tamanho pra minha satisfação.

Velho clichê – errar é humano, claro que é, eu sei, você sabe, todos sabemos que é assim que se procede, no entanto há uma longa distância entre o aceitar e corrigir, ninguém é perfeito, se fossemos em tudo perfeitamente entalhados, que graça teria, nada de diferente seria notado e nada seria mudado. Os conselhos de nada valeriam e eles vieram para ser dados e aproveitados.

Olho no espelho e vejo detalhadamente minhas imperfeições, e como as tenho, isso não me fará menos importante, tenho mãos feias, mas elas fazem tudo que preciso, são rápidas, ágeis e definitivamente fortes, será que se fossem finas, suaves e perfeitas eu faria o que faço?

Foi em uma fôrma com alguns defeitos que me moldaram, e poxa vou mudar agora, será que seria necessário sofrer essa mutação de DNA, nem pensar, melhor é ir colocando os enfeites que a vida oferece e ir me acostumando. Pobre dos meus pais se eles soubessem o quanto reclamo das formas que me deram. Devem doer em seus ouvidos coitadinhos, sou uma ingrata.

Mas como tudo nessa vida é passageiro, porque não aceitar as nossas desigualdades sem brigas ou incômodos, cada um tem o que merece e cada um merece um nova chance.

Se errar é humano, vamos seguir adiante até encontrarmos o perdão e os acertos para as nossas falhas.

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 12/05/2007
Código do texto: T484028
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