Cota para branco...

CCJ da Câmara aprova cota para negros no serviço público

http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/ccj-da- camara-aprova-cota-para-negros-no-servico-publico.html

Segundo a notícia veiculada no G1, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (26/03/2014) o projeto de lei que reserva para negros e pardos ao menos 20% das vagas em concursos públicos da administração federal. Essa notícia, na hora impactou-me profundamente. Confesso: Fiquei entre a euforia e a indignação.

Explico esse dualismo de sentimentos inteiramente opostos e consideravelmente naturais: Euforia porque essa talvez seja uma entre as poucas chances de muitos excluídos ingressarem em serviço público da administração federal. Indignação, pois em um país onde a maioria da população é negra, parda ou mestiça, necessitar de cota para esses elementos concorrerem a um cargo que deveria ser acessível a qualquer brasileiro é, a meu ver, uma discriminação velada, significa dizer: amigo, você é negro, é burro (ideologia do colonizador que perdura entre nós até os dias atuais) e portanto incapaz de concorrer em pé de igualdade com os brancos, por isso, vou reservar pra você 20% das vagas, mas lembre-se, isso é porque eu sou bonzinho e quero que você seja grato.

Não que eu ache que negros e pardos não sejam merecedores dos benefícios da lei, uma vez que também sou uma brasileira afrodescendente, também sujeita a desfrutar dos efeitos concretos desta lei. Mas acredito que a cor da pele não deve ser critério para ascensão e aquisição de quaisquer direitos que sejam inerentes ao ser humano, pois, independente de cor, idade, sexo, religião, orientação sexual, etc., somos todos cidadãos, dignos de respeito, sujeitos à lei, com direitos e deveres a cumprir.

Acredito que antes de criar cotas para isso e para aquilo, deveriam criar meios de a população carente, que depende da Educação e Ensino em Escolas Públicas, tivessem um ensino de qualidade e não uma maquiagem de realidade que privilegia uma estatística mentirosa, com projetos de aceleração e promoção automática (avanço) de alunos em defasagem de idade/série, à anos/séries para os/as quais não estão aptos a acompanhar. Tendo como resultado a produção de analfabetos funcionais, de pessoas que chegam à faculdade sem sequer saberem ler (entenda-se ler aqui, em termos globais, como a capacidade de decodificar as informações, com a habilidade de interpretar, refletir, produzir opiniões e posicionamentos, defender pontos de vista, efetuar releituras várias de um texto).

Mas entendendo que lei é lei, e já que existe a cota para negros e pardos, ... "Vamos que vamos, neguinho (a), vamos sim'bora aproveitar!" Venho exigindo isso onde quer que eu vá...

Agora, imagino um dia, que inventarem cota para branco... será que vai ser aprovada?

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 19/06/2014
Reeditado em 20/06/2014
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