Vale Tudo pelo Poder: caos ou deserto?

Caos. Deserto. Tem jeito de piorar?

O país vive momentos, talvez, nunca vistos antes.

Se no ano de 2013 foram as ‘Manifestações de Junho’, neste corrente é a Copa Mundial e as próximas Eleições de cargos político-partidários.

Muito se confunde entre as insatisfações pessoais com as nacionais. Talvez porque admitir para si mesmo aquilo que incomoda o íntimo fere o orgulho e a vaidade.

Não é à toa que os antigos judeus inventaram o escape psicológico do ‘Bode Expiatório’. Identificaram o suposto mal o chamando de pecado: aquilo que não ia bem para a nação. Depois criaram o símbolo do mal: o Bode. Uma vez por ano escolhiam um caprino. O sacerdote, em rituais, transferia supostamente o pecado do povo para o animal. Este era levado para o deserto e a pátria, com o sofrimento do animal abandonado, se julgava pura diante de Deus. Cultura.

Antes de a Copa Mundial acontecer muito se falou e pregou. Clichês e jargões que quase viraram “slogans”:

“Os estádios não ficarão prontos.”

“O Brasil não está preparado para receber turistas.”

“Haverá manifestações que impedirão o trânsito.”

“Para que a Copa Mundial se a Saúde e a Educação vão mal.”

Tudo pregação de cunho político. Pregação no deserto de quem vive o caos por não ter conseguido o Poder nas urnas.

E a Copa acontece... Os estádios foram construídos. E o brasileiro recebeu os turistas muito bem.

E quem perdeu as eleições perdeu também o controle sobre as manifestações populares. E as máscaras caíram mostrando as ‘Caras de Taxo’. E os aeroportos e hotéis vão muito bem. E a Saúde vai indo com a contratação de profissionais da área médica para áreas carente de demanda (provocando a ira dos médicos brasileiros que se achavam elites e são autoritários). E a Educação...

E a Educação vai mal, porque as famílias perderam o respeito consigo mesmas.

Não poderia ser diferente uma vez que tomam como referência aquilo que o mundo televisivo mostra como parâmetro.

Nas Escolas Públicas estão os filhos de pessoas carentes. Querem copiar os modelos de comportamento expostos nas novelas, filmes e programas. Estes fazem a miséria parecer não existir, o luxo ser coisa certa e a errada coisa de direito.

Nas Escolas Particulares, talvez o que diferencia os alunos destas dos mais carentes, são os materiais de primeira linha, as roupas e os meios de transporte. Porque a falta de respeito, princípios, educação formal é o mesmo que nas públicas.

Quando pais, tios, irmãos mais velhos vão para assistir a abertura da Copa e desrespeitam a autoridade maior do país, o que esperar dos filhos, sobrinhos e irmãos mais novos como alunos na Escola?

A elite está raivosa. Perderam seus postos. Perderam a educação. Perderam o Poder. Perderam as colocações dos empregos públicos na base do “QI” – quem indica e quem indicar para tal cargo. Perderam candidatos políticos coerentes. Perderam a manipulação do voto da época do coronelismo.

E muito se confunde as insatisfações pessoais com os interesses políticos.

Nunca se viu neste país tanta fartura. Nunca o poder de compra esteve tão alto. Nunca se viu antes como agora o pobre ir ao centro comercial e fazer seu lanche ao lado do rico. Nunca se viu tanta gente com seu celular na mão. Nunca se viu tanta gente consumindo e comprando nas lojas.

Isto é o que causa a insatisfação política, porque antes só o rico podia esnobar estes caprichos.

O pobre só servia. Servia para ser explorado com gorjetas. Hoje tem direito. Direito não de esmola. Direito de salário. Direito a cotas de emprego por deficiência física. Direito a cotas de vagas universitárias – antes só quem podia pagar. Pagar pré-vestibular e ter acesso às melhores Universidades e melhores empregos.

O CAOS SÓ EXISTE PARA QUEM PERDEU A EXCLUSIVIDADE e por isto pregam no deserto querendo seu poder de privilégios e de exploração dos menos favorecidos.

E assim reclamam vendendo seu discurso para analfabetos funcionais que engolem sem mastigar e vomitam os discursos da elite sem pensar.

Subiu na balança e viu que engordou por comer (e nunca se comeu abastadamente neste país) tanto carboidrato, chocolate e por beber tanto refrigerante e agora está feia, a culpa é da Dilma.

A vida passou, foi desregrado com os hábitos de saúde e “a pipa não sobe mais”, a culpa é da Dilma.

A prefeitura vai mal?! A culpa é “de uma...”

É no deserto que as palavras perdem o eco e é do caos que a Luz fez mundo.

Leonardo Lisbôa,

Barbacena, 18/06/2014.

Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 20/06/2014
Reeditado em 20/06/2014
Código do texto: T4852334
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