TOTONHO E EDSON , A enrrascada

Que dupla formavam aqueles dois!

Totonho, um mulato alto e forte que sempre gostou de se vestir de uma forma que, diria eu, um tanto espalhafatosa. Naquela época, estava em moda as tais calça Pantalona e ele competia principalmente com o Edson e o Eli sugismundo,quem iria varrer a rua...ops, melhor dizendo, quem usaria a boca da calça mais larga.

Dessa competição, participavam apenas Totonho, Edson e Eli-Segismundo. O restante da turma não era muito ligado nessas coisas, não. Edson era a outra parte daquela dupla que sempre nos divertia aprontando todas com nosso amigo. Muito gozador, fazia de todos nós vítimas da sua língua ferina.Mas não ficava só nisso não...

Certa vez, Totonho fez um passeio à cidade de Lima Duarte e, quando voltou, trouxe consigo o retrato da sua última conquista. A foto mostrava uma moça muito bonita e bem vestida que, segundo nosso amigo, chamava-se Elsa e era filha de um dos fazendeiros do lugar.

Ela era também a professora do pequeno lugarejo chamado Arraial dos Lopes.

Aquela foto foi passada de mão em mão como um troféu pelo nosso amigo, todo orgulhoso.

Roberto, que viajara com ele e era antigo morador do lugar, confirmavam tudo o que ele dizia.

Mas a mentira sempre teve pernas curtas e foi assim que, numa manhã de domingo, quando todos nós estávamos ouvindo musica e conversando em frente ao caminho que levava à casa do Totonho, uma jovem se aproximou e perguntou se conhecíamos Antônio José Gonçalves (que para todos nós não era outro senão nosso amigo)

Quando a jovem nos informou ser lá de Lima Duarte, entendemos tudo: A única verdade era que realmente seu nome era Elza, mas seu rosto e seu aspecto nada tinham a ver com aquela moça do retrato que até hoje não sabemos de onde ele tirou.

O Edson então conduziu a jovem até a casa de nosso amigo, deixando-nos ali com um pensamento. Aquele mentiroso ia ver só!...

Passaram se mais ou menos uma hora quando os três retornaram e o nosso amigo apresentou sua namorada, agora em carne e osso. de Geraldinho que tinha o apelido bonitinho, que estava conosco e que perdia um amigo, mas não perdia a piada, lançou essa:

“Totonho, sua namorada não é aquela do retrato, não?

Claro que é. Por quê?

Não, não. Você está enganado! Ela não tem nada a ver com aquela fotografia.” Todos caímos na gargalhada enquanto nosso amigo soltava chispas de fogo pelos olhos.

Não que zombassemos daquela jovem que nada estava entendendo, mas sim de nosso amigo pra deixar de ser cascateiro.

O namoro dos dois continuou firme por muito tempo ate que Edson resolveu aprontar:

Totonho não era nenhum analfabeto, mas achava que Edson poderia escrever palavras mais bonitas, já que ele era um grande galanteador e também metido a conquistador.

Durante um bom tempo ele escreveu cartas em nome do amigo, até que um dia o inevitável aconteceu:

Eu estava assentado no banco da praça, ao lado do ponto do ônibus, quando Totonho desembarcou e veio furioso ao meu encontro:

Cadê aquele safado do Edson?

Vou arrebentar a cara dele!

Foi então que fiquei sabendo:

Na ultima carta, Edson inventou que Totonho era mau elemento, não gostava de trabalhar e, além disso, morava com uma menina da nossa cidade. Como se não bastasse, Edson declarou estar apaixonado pela garota, dizendo que, em breve, iria visita-la, pois era ele quem escrevia aquelas cartas que ela tanto gostava.

Era um verdadeiro canalha nosso amigo Edson.

Totonho viveu uma terrível situação junto à família da moça, pois o pai e os irmãos dela por pouco não lhe deram uma boa sura em sua ultima viagem àquela cidade.

Foi assim que terminou o romance dele com a Elsa. Vamos ao encontro dos dois amigos, agora, desafetos:

Mais o Edson possuía muita lábia e, aos poucos, foi dominando a fera: “

Sabe Totonho, tudo foi apenas uma brincadeira. Eu não esperava que isso fosse acontecer. Além do mais, eu não poderia saber que você iria lá por estes dias.Não deu tempo de desfazer a brincadeira, pois você chegou bem antes.

Aos poucos, Totonho foi se acalmando e, logo depois, os dois já planejavam aprontar uma para o Bonitinho.

Ele teria que pagar aquela do retrato!

Aquela dupla era, de fato, única. E nunca houve outra igual