RADIO DE PILHA
Caminhando na orla da praia: em contraste com o mar e a solidão de meu estar só.Como sempre... observando e sentindo o olor da manhã calma e serena.
Ela... sentada naquele banco,alheia a tudo e a todos.Com seu radio de pilha...talvez nem prestasse atenção no que estridentemente as informações em enxurradas desconexas eram-lhe passadas: vagas e distantes.
Porém seu colo aconchegava um cachorro com tanto apego e carinho:que ficávamos...assim meio que espantados,tal dedicação.
Arrumava meticulosamente uma folhas de jornais em torno de seu banco;assim dividindo o acesso dos outros animais?Não sei ;ficara o estigma.
Por sua vez o cachorro placidamente ficava atento a cada gesto e aos cuidados dela:Deus quanta solidão!Uma só pessoa, em seu mundo e seus pensamentos.
Voltando a cena real todos os dias...o cachorro não brincava não corria,apenas admirava em seu mundinho tanta dedicação e carinho.
Ela com seu radio e seus cabelos amarrados por uma fita já, adentrando em idade: prenúncio do envelhecimento.O arrastava em mimos e substância de vida.De repente ...enquanto ajeitava suas coisas em seu ritual metódico.O cãozinho ficava sem saber como comportar-se...olhava com seus olhinhos indefesos e tristes.
O medo de que no outro dia há mesma hora não mais tivesse,aquele momento somente seu.Sua vida dependendo daquela senhora e seu radio de pilha...sua solidão compartilhada no colo e na estima de sua protetora ...amada senhora e sua fita enfeitando seu rosto...seus olhos o infinito de sua alma