A CENA

Eram dois urubus que tomavam banhos na piscina da cobertura do prédio. Não sei ao certo, se era um casal de namorados. As duas aves começavam a natação sempre depois do almoço, geralmente as 14 hs, pareciam até crianças numa tarde de sol. Engraçado, pois hoje não existem mais lugares para os urubus tomarem seus banhos sossegados.

Aquecimento global, desmatamento, pobre das avezinhas, tão desprezadas por serem os “agentes de profilaxia” do mundo.

Os dias e os meses adentraram, e o cronista fitava a situação. Pior de tudo, é que existe gente não acreditando nos meus textos. Mas é tudo verdade. Está cena presenciei por longo tempo, até que aparecem os moradores e mataram as pobres aves. Isso mesmo leitores! Passara um dia por uma caçamba de entulho e lá estavam as duas aves esquartejadas.

- Urubu tomando banho de piscina? Isso é demais, ele foi longe com as suas estórias? Ou melhor, com as suas “viagens”?

Pra provar que essa situação inusitada é pura verdade, arranjei uma cúmplice. Convidei a minha vovó Miralda pra conferir a tal cena surreal:

- Vovó, está vendo um urubu prontinho pra mergulhar? O outro já está na piscina faz tempo!

- Calma “Zorinho”, “tô” arrumando os meus óculos! Espera aí, que urubu? São dois guarda – chuvas! Está vendo, um enroscou no telhado e o outro que caiu na piscina. Ninguém tirou porque o apartamento está pra alugar! Falou a doce vovó.

- É “zorinho”, o Presidente da República também é assim, só enxerga o que é conveniente! Espinafrou a macróbia.

Osório Antonio da Cunha
Enviado por Osório Antonio da Cunha em 15/05/2007
Reeditado em 15/05/2007
Código do texto: T487594
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