Inevitável Fluxo Vital.
Não se tem o que não se pode perder. Não podemos perder o que já passou nem tampouco o que virá de fato. Como poderíamos perder algo que não está em nossa posse? Só há presente! A vida é um presente!
Quando um homem idoso ou um mais jovem morrerem, sua perda será igual, pois perdemos apenas o momento presente, que é a única coisa que possuímos, e ninguém pode perder o que não lhe pertence. Não somos nada além do que estamos fazendo agora.
Na vida de um homem, sua duração é um ponto, sua essência um fluxo, seus sentidos um turbilhão, todo seu corpo algo pronto a apodrecer, sua alma inquietude, seu destino obscuro e sua fama duvidosa. Tudo que é relativo ao corpo é como o fluxo de um rio, e quanto à alma, sonhos e fluídos, a vida é uma luta, uma breve estadia numa terra estranha, e a reputação, esquecimento.
Não fazer nada sem propósitos, evitar a falsidade e a dissimulação, não depender das ações dos outros, aceitar os acontecimentos, pois são todos advindos da mesma fonte, e sobretudo aguardar a morte com calma e resignação, pois ela nada mais significa do que a dissolução dos elementos pelos quais são formados todos os seres vivos. Se não há nada de terrível para esses elementos para sua contínua transformação, porque então temer as mudanças e a dissolução do todo? Não há mal algum naquilo que está conforme a Natureza. “É a alegria do Mundo!”, com cantava Raul Seixas.