CAFÉ NO COADOR DE PANO

Uma Cozinha grande com uma mesa no centro, coberta por uma toalha de plásticos com muitos desenhos de frutas, um fogão de lenha que esquentava todo ambiente em invernos e verões.

Os caibros e ripas e telhas totalmente pretos de picumã, um varal defumando linguiças e toucinhos bem em cima do fogão de lenha de dona Isabel.

Na parede do lado do fogão, um pano colado na parede, passado bicos e desenhos de pássaros feito à mão, onde dona Isabel colocava todas as tampas de suas panelas. O tampeiro.

De frente da janela, uma pia com uma torneira que vazava gotas d’água o tempo todo.

Na taipa do fogão um banco de madeira onde seu Adamastor sentava e contava lindas histórias da família.

Quando era de manhãzinha, aquele momento em que a neblina ia saindo do riacho e partia cobrindo todo vale, Dona Isabel colocava água para ferver e em seguida passar o primeiro café do dia.

No momento em que o café era passado no coador de pano, e o barulho dos primeiros pingos iam caindo no fundo da chaleira vermelha esmaltada, o cheiro chegava lá na cama de Glórinha que já estava pensando em levantar-se.

Café da manhã, café bem quente, café com cheiro de sertão.

No rádio sintonizado na nove de julho de São Paulo, músicas de Tonico e Tinoco alegravam as manhãs frias no alto daquela linda montanha do Sul das Gerais.

Café gostoso, café caseiro desde seu nascimento.

Café guardado na tuia.

Café arquivado na memória.

Café que ao lembrar até o cheiro ainda está no ar.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 16/07/2014
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