LIVRE-ARBÍTRIO E DESTINO

                                        


     Na minha opinião...  não se deve falar em livre-arbítrio e destino (a que se possa também chamar determinismo, à escolha de cada um), como se todos os seres tivessem direito à mesma cota de um e de outro. Pelo que tenho observado e vivido, há os que têm mais direito a maior cota de livre-arbítrio, por um destino  (ou determinismo)  de menor carga imperativa, enquanto outros carregam uma carga pesada de limitações que podem ser de vária natureza: física, mental, emocional (...),  o que lhes dificulta o exercício do referido livre-arbítrio, em casos extremos retirando-o quase todo, como no caso de certas patologias demasiado graves, que dão ao indivíduo  quase tão somente o direito à resignação e aceitação passiva de seu estado. 
     Por isso tomo sempre muito cuidado no julgar as pessoas, porque nem sempre o conceito de força de vontade e outros conceitos são coisas simples e  viáveis igualmente para todos. Cada pessoa é, afinal, um universo completo e diferenciado e uma regra não vale para tudo.
     Escrevo isso por uma necessidade pessoal; escrevo antes de tudo para mim mesma, que vivo uma situação existencial profundamente limitadora, em múltiplos e múltiplos sentidos. Com certeza não cheguei a isso por acaso, nem posso culpar a Deus nem a pai e mãe por tal condição; tampouco fiz tal escolha por minha  exclusiva responsabilidade. De certo modo, penso que todos somos responsáveis e ao mesmo tempo inocentes no que se refere ao nosso próprio "destino" e pelo uso do livre-arbítrio que nos caiba.  Ninguém deve crucificar-se a si nem ao(s) outro(s), nem inocentar-se totalmente, também, a si próprio nem ao(s) outro(s). Afinal, somos todos co-dependentes e responsáveis uns pelos outros. Em suma - na minha modesta opinião - somos todos, ao mesmo tempo, inocentes e culpados (embora eu não goste muito da palavra "culpa").
     A última  coisa que eu desejaria na vida seria ser juiz em um tribunal; meu pai sonhou com que eu tivesse cursado Direito. Graças ao bom Deus nunca almejei realizar-lhe esse sonho. Outros sonhos, sim; esse, jamais. Para evitar possíveis mal entendidos, devo finalizar dizendo que tenho respeito grande pelos  profissionais do Direito - se alguns não honram o ideário de justiça inerente à própria profissão (vemos isso todos os dias) tal acontece, também, em todas as demais profissões. Eu, se tivesse me formado em Direito... advogada de defesa até poderia ... Bem, nos tempos atuais... Melhor mesmo foi ter feito Letras; me desculpe, pai.