Diário de Sonhos - #083: Julgamento

Sonhei que estava assistindo a um vídeo pela televisão. Era um quarto de hotel. Um homem ao meu lado dava informações sobre o vídeo. Segundo ele, aquele era um quarto de hotel no qual uma família viveu nos últimos anos. As imagens mostram uma mulher e duas crianças de mais ou menos uns seis anos. Uma das crianças não para de correr e fazer bagunça. A outra fica sentada num canto lendo um livro. A mulher, que na verdade é a mãe. Está varrendo o chão. Quando chega no menino que está lendo, dá vassouradas nele. Agora as duas crianças estão comendo na mesa. Uma delas come direitinho, enquanto a outra apenas encara o prato. A mãe diz para o menino comer, mas ele diz que não gosta. Ela pega a comida com a colher e leva à boca do menino, mas ele vira o rosto. Ela se irrita e enfia todo o prato de comida na cara dele. Agora a mãe está sentada numa cadeira, de costas para a câmera. O menino está de frente para a mãe, tomando uma certa distância. Ela diz "vem cá, vem cá" e o menino diz que não, que não quer apanhar. Ele está com um dedo na boca. Ela diz "vem cá, vem cá", ele dá um passinho, mas logo recua. Tem muito medo e parece que vai chorar. Ela diz "vem cá, vem cá, não vou te bater, prometo". O menino começa a caminhar em direção à mãe, passos pequenos, o medo evidente em cada músculo. Quando ele finalmente se aproxima, a mãe rapidamente o puxa pelo braço e começa a dar uma série de tapas. A criança começa a chorar muito e faz de tudo pra fugir, mas a mãe o segura forte e bate forte. Quando ela finalmente se dá por satisfeita, levanta e sai da sala. O menino olha diretamente para a câmera, chorando muito. Ele tem medo, muito medo. Vê-lo chorar é de partir o coração, e tenho vontade de entrar lá e fazer o mesmo com essa mulher.

O vídeo acaba. Estou numa sala escura, com móveis de madeira escura. O juiz diz que devemos agora julgar o caso dessa mãe que passou anos batendo no filho, e pede que antes de mais nada, o filho venha à frente. Todo mundo olha pra mim. Eu sou o filho.

Vinte e dois de julho de dois mil e quatorze.

Renan Gonçalves Flores
Enviado por Renan Gonçalves Flores em 22/07/2014
Código do texto: T4891370
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