AMIGAS E AMIGOS QUERIDOS




 
     Em 2010, fiz essa montagem com fotos, em tempos vários, de amigas queridas, entre as quais minha sobrinha e minha mãe. Também eu estou na foto, a última à esquerda, em preto-e-branco, ainda com negros cabelos, tingidos, é verdade, que o meu primeiro fio branco nasceu quando eu tinha onze anos (eta garota precoce em tudo... não só em alegrias, infelizmente...) Parei de tingi-los há 14 meses, mais precisamente, fiz a derradeira tintura em 30 de maio de 2013. No momento, sou a gloriosa senhora rsrsrs de lindos cabelos branquíssimos, na imagem do perfil, (a foto do perfil  foi tirada há  cerca de dois ou três meses).
     Minhas amigas... minhas doces amigas... quase todas presentes nesta fotomontagem... Amigas... Da maioria delas quase nunca posso estar em companhia... por força de certas circunstâncias para não serem escritas aqui.



     Amigas, doces e fraternas alegrias, lembranças boas no meio de certas agonias... de sempre fundas renúncias... de perplexidades sem fim... de perdas de múltipla e de diversa natureza... - nada que se compare, é certo, com as Dores dos tantos infinitos seres a sofrerem atrozmente em hospitais... em guerras tecidas sempre só de Horror... Gaza, para citar um exemplo...  Nada disso. Graças profundas  sejam dadas ao bom Deus! Graças vos dou, meu Deus! E Piedade e Socorro vos peço, Senhor, neste momento, em especial para as vítimas inocentes das guerras de toda vilania, de toda vilania, Senhor! Piedade e Socorro para as crianças, para a criança-símbolo do sofrimento, perdida na cena de guerra, a tapar os olhos da sua boneca para que ela, sua boneca, não possa ver a cena ao redor,Pai. Pai, Pai, que HORROR! Uma criança a tapar os olhos da sua boneca para que ela não veja as cenas do HORROR ao redor de ambas! A poeta Ysolda Cabral publicou hoje um texto com essa foto, dantesco documento  de Guerra, Senhor Deus!


     Bem... não consigo minimizá-las, as minhas dores, a ponto de dizer que não existam. Existem e fundas, principalmente as referentes às perdas na alma, bem como à grande restrição da mobilidade física, que me reclusa e me torna a criatura dependente que me tornou, o que sei que também ocorre com muitíssimos seres deveras melhores do que eu, seres que se não queixam, que não ficam a atormentar, com queixas, os ouvidos e a paciência dos amigos (para não fazer isso o tempo todo, quase nem telefono mais, a ninguém). Perdoem-me, amigos todos, perdoem-me por tudo, por essa fragilidade moral que me acossou e me acossa. Se eu pudesse, ainda, sair comigo e ficar um pouco sozinha comigo, em algum lugar, talvez conseguisse me anestesiar um pouco... de certos horrores outros...  Por falar em amigos, mulheres e homens, urge dizer que, felizmente, me são tempos também de Recanto, onde me deixo suprir do oxigênio que nunca é suficiente para plena e completa respiração... na chamada vida real imediata.
      Talvez a condição atual, que não é de agora, ainda venha a  se alterar...  o possível... a condição no imediato dos dias... Para que algo mude sei que preciso desparalisar-me, restaurar-me, o possível, a vontade plena de viver... Tentarei... tentarei... Eu me prometo.
     A bênção, queridas amigas e amigos todos, também, também do Recanto. A bênção.