PÁGINA VIRADA

Há alguns anos atrás, iniciava a leitura das folhas do livro do tempo e prefaciava a primeira página do livro que escreveria, dando inicio a caminhada junto aos colegas e amigos de trabalho do Governo Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, com os quais convivi um longo espaço de tempo.

Durante todo esse período, continuaríamos foleando a cada dia mais uma página, enquanto íamos escrevendo parte da nossa história, em novas folhas no livro das nossas vidas.

Assemelho cada etapa da minha vida a dois livros: um que eu vou lendo e outro que eu vou escrevendo ao longo do tempo. A página lida por mim poderá ser lida por outros, mas a página na qual eu escrevi ninguém mais poderá nela escrever.

De cada página lida, procuro tirar o máximo de tudo àquilo que é aproveitável, descartando o que eu entendo como refugo. Cada página virada é um conhecimento acumulado e consequentemente uma lição aprendida.

Para virarmos uma página no livro do tempo, se faz necessário a certeza da absorção do conteúdo ali inserido. Uma vez virada à página é certo que, esta ocasião, assim como a vida não se repetirá jamais.

Cada vez que eu mudo a página no livro do tempo, sinto elevar-se a cortina do palco da vida, visualizo novos horizontes, com novas promessas, novas oportunidades. Extasiado vou desvendando caminhos antes inimagináveis. Alcançar o objetivo traçado é o fim, para cada um deles e só dependerá de mim mesmo.

Com a aposentadoria em um dos seguimentos meus, após 38 anos de efetiva participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, lá vou eu a busca de novos rumos, novas descobertas e novas aventuras. É provável que venha utilizar a boa bagagem adquirida, no transcorrer dos novos caminhares.

Cada um de vocês, amigos e colegas, que me cingiram nesse ambiente durante todo esse tempo; foram professores e alunos, pois tenho a certeza, caminhar juntos é percorrer uma via de mão dupla o tempo inteiro.

Virar a página de um livro, seja para ler ou escrever, não significa que o livro tenha terminado. Muitas outras páginas virão; muitos caminhos ainda serão percorridos; muitas cortinas se abrirão e fecharão antes dos derradeiros aplausos ao último ato.

Não agradecerei e tão pouco aceito agradecimentos, uma vez que, na troca cada um fica com aquilo que escolheu e que desejou ter.

Comigo ficou o que de melhor pude absorver de cada um de vocês: a generosidade com a qual me concederam um sorriso, uma palavra, um carinho, um aconchego, só posso imaginar quão grandiosos sejam vossos corações.

Diz o velho adágio: “aos amigos tudo”, eu digo, pois, aos amigos a minha autêntica reciprocidade, por tudo o que fizeram, fazem e farão a mim, até o ultimo desprender da cortina, encerrando assim o espetáculo da vida.

 
Rio, 31/07/2014
Feitosa dos Santos