Adeus, Prêmio PE de Literatura

O escritor é seduzido por meio das propagandas a participar de um concurso literário estadual. Tem o trabalho de imprimir uma obra literária completa, com mais de 50 páginas, e ainda xerocar a mesma quatro vezes, e os custos ficam a cargo do autor. Depois o cidadão ainda precisa ir entregar o material em um órgão público, porque senão a despesa aumenta ainda mais por causa do Sedex. Entrega as cópias numa casa mal adaptada para ser uma repartição pública. Recebe um pequeno papel, que é o comprovante de entrega, e vai para a casa com a sensação de dever cumprido.

Esse mesmo sujeito houvera apostado seriamente nesse concurso, e esperou por vários meses pelo resultado e, no final das contas, recebeu a notícia pela imprensa de que não foi agraciado ao menos com uma menção honrosa da comissão julgadora. Em um trabalho em que o autor está ciente de que tem qualidade literária. Então, o pobre escritor percebe que existe muita coisa por trás de um concurso regional, que pode estar repleto de indicações, amizades e cartas marcadas. Além de saber que o concurso possui alguns julgadores que nunca foram com a sua cara e que nunca simpatizaram com o seu trabalho, por motivos que julga obscuros, ocultos.

Logo, o surpreendido autor que, convenhamos, de tão valorizado literariamente no sudeste, já é um membro imortal de uma academia de letras, e isso com menos de 40 anos, diz, com repulsa: “Adeus, Prêmio PE de Literatura, os meus trabalhos você não avaliará nunca mais.” Pois é, esse é o escritor que vos escreve, que sabe perder, mas não sabe ser injustiçado. E boa sorte para quem vai nos próximos anos perder o seu tempo e o seu dinheiro com ele. Assim como eu perdi.

Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 01/08/2014
Reeditado em 04/08/2014
Código do texto: T4904932
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