Última Missão

O dia já declina e densas nuvens escuras vão obstruindo aos poucos os últimos raios alaranjados que anda riscam o céu neste entardecer. A fadiga e o cansaço minam as forças do trabalhador solitário que adentra lugares áridos e espinhosos em que por vezes os espinhos atingem a cintura, ele busca por ovelhas que desgarradas se perdem pelos matagais e desertos sem condições de acharem por si só o caminho de volta ao Pastor, Nenhum balido se ouve que possa romper o silêncio do crepúsculo vespertino, e tudo indica que a última missão daquele operário já se encerrou, Num momento de reflexão, ele vacila entre retornar só, pois sempre teve uma ovelha aos ombros para apresentar ao seu Senhor, ou ficar ali mesmo até que termine o dia, no entanto a solidão e o desconforto do local em que se encontra, o fazem relembrar uma a uma, as ovelhas conduzidas até o Pastor,

com cada uma delas ficou um pedaço do seu coração,

e agora, talvez ele é que precise de alguém que o tome sobre os ombros, relembra cada palavra de vida que entregava às ovelhas durante o resgate delas. A verdade mesmo é que seu trabalho sempre fora solitário, pois suas missões nunca foram atrativas a ninguém,

e a ovelha socorrida era sempre tudo o que ele tinha,

por isso muitas vezes seu anseio por novas missões era surpreendente, parecia compensar a saudade de cada uma, buscando outra,

pela qual também se apegava com amor intenso,

mas agora suas forças lhe faltam, o dia vai findando

e parece não haver tempo de se recuperar

e ter condições de regressar ao seu Senhor que o enviou,

então simplesmente descansa e aguarda tranquilo

que o seu Senhor pessoalmente venha buscá-lo como prometeu.

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 03/08/2014
Reeditado em 29/07/2015
Código do texto: T4907467
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