FALHA NA COMUNICAÇÃO

FALHA NA COMUNICAÇÃO

A Língua Portuguesa é muito interessante mesmo, podemos até compará-la com a matemática no quesito propósito. Se a matemática tem a finalidade de nos levar a encontrar o resultado exato de uma operação, a Língua Portuguesa tem por finalidade transmitir uma informação de forma fidedigna.

Se na matemática você errar um número, uma vírgula a sua operação estará errada, ou seja, um simples número que você anota errado, o resultado final também estará comprometido. No português errar uma vírgula, uma pontuação ou uma palavra você compromete todo o sentido do texto, alterando a mensagem que se quis passar.

Numa ocasião um professor de português usou como exemplo o seguinte fato: Um certo general foi para guerra e antes da batalha consultou uma pitonisa para saber se venceria a batalha. Sendo assim ele perguntou:

__Eu vou vencer ou perder a batalha?

A pitonisa prontamente respondeu-lhe:

__ “Venceras não morrerás.”

O general foi todo confiante para a batalha, porém a cada ataque e contra ataque ele só perdia seus bravos soldados. No final da batalha ele retorna sozinho, pois perdera todos os seus soldados.

Indignado com o resultado ele voltou à pitonisa para reclamar sobre a suposta propaganda enganosa. Chegando ao oráculo ele perguntou:

__ Você disse que eu ganharia a batalha, como pode se enganar tanto assim? Eu perdi a batalha!

Ela prontamente respondeu:

__ Eu não disse que você ganharia a batalha!

__ Disse sim, não estou ficando louco.

A pitonisa fitou-o e respondeu:

__ Eu não disse não! Você é que colocou a vírgula no lugar errado e usou um sinal equivocado.

__ Como assim! Exclamou o pobre general.

__ Eu disse: “Venceras não. Morrerás! E não Vencerás! não morrerás.”

E assim o general além de perder a batalha no passado e ficar desmoralizado, hoje seu espírito deve remover-se nas catacumbas, pois seu apelido de lambão passou para semianalfabeto aos olhos de muitos.

Tive uma experiência similar com relação à falha de comunicação e pior é que essa quase causou morte, espia só o causo.

Estava em casa quando um garoto apareceu segurando um dos meus filhos que chorava de dor; olhei para ambos e percebi que meu filho havia quebrado o punho, então perguntei:

__ O que aconteceu?

O garoto respondeu-me:

__ A gente estava brincando de policia e ladrão com a xipoca (arma de brinquedo feita com pedaço de cano de PVC e bexiga) e eu fui atirar no Arthur e ele tropeçou na laje e caiu.

Como o braço já estava com uma tala improvisada, chamei o caçula de 5 anos e disse:

__ A mãe vai levar o Arthur ao médico, quando os seus irmãos chegarem da escola avisa que o Maguila estava brincando com o Arthur e seu irmão acabou se machucando.

O problema da questão foi exclusivamente de ordem interpretativa, por duas razões, primeira: o caçula tinha 5 anos; segundo, ele estava presente no local do crime e isso faz dele uma testemunha ocular e auditiva. Além de estar presente na cena, ouviu toda a explicação do garoto que acompanhava meu filho.

Quando os irmãos chegaram e perguntaram por mim, o caçula contou essa história:

__ A mãe foi levou o Arthur no hospital porque o Maguila deu um tiro na cabeça dele quando eles estavam brincando.

__ Como isso aconteceu?

__ Eles estavam brincando de policia e ladrão e o Maguila acertou ele na cabeça.

Rapidamente os filhos chamaram outros amigos, se dirigiram ao Pronto Socorro com a intenção de linchar o pobre garoto.

Vocês vão perguntar o porquê do caçula ter dado essa informação aparentemente equivocada, mas eu explico o menino não mentiu, ele só não disse que a arma usada era de brinquedo, a bala era de feijão e que o irmão só havia quebrado o punho.

Vamos recuperar a informação acima. “Eles brincavam de policia e ladrão e o Maguila atirou na testa do Arthur.” Como um bom repórter sensacionalista o caçula relatou sua versão dos fatos causando suspense e comoção entre os amigos.

O desfecho do ocorrido foi assim: Os meninos invadiram o hospital, pegaram o Maguila pelo colarinho, e disseram:

__ Como você teve coragem de atirar na cabeça do seu amigo? Você vai morrer seu...!

Mais que depressa eu disse:

__ Calma, a arma era uma xipoca e a bala de feijão!

A tragédia anunciada virou piada a acabou em pizzas, o Maguila foi convidado é claro. Hoje o quase repórter é quase estudante de engenharia, o quase policial morto é quase estudante de psicologia, o quase ladrão linchado virou profissional da área, a quase maluca mãe não endoidou de vez, mas está quase chegando lá.