Quando a Vida nos Olha

Há momentos, em que a vida nos fita de maneira inquisitiva, como se pousasse o olhar sobre o nosso presente, despertando os nossos porquês e os sonhos que vamos deixando pelo caminho. Em instantes assim, parece que sentimos mais profundamente o passar do tempo, assim como nos é mais visível a nossa condição humana de imperfeitos e inacabados.

Muitas vezes, este olhar que a vida nos dirige, possui a mansuetude de um amanhecer, quando o sol silenciosamente desperta o universo, acariciando o horizonte. Outras vezes, este olhar nos vem como um tornado, desalinhando nossas certezas, revolvendo as nossas mais íntimas convicções.

Devemos considerar que o período dos sonhos e dos planos faz parte também de quem se dispõe a redescobrir a vida.

Não devemos nos inquietar em demasia pelas respostas que não nos chegam com a mesma avidez dos que nos interrogam...tampouco nos afligir, se nosso espelho nos cobrar definições e certezas, quando ainda deambulamos em nossos questionamentos. Não devemos tampouco sermos por demais condescendentes com o tempo em que divagamos. Para que modifiquemos a paisagem que se abre aos nossos olhos, necessário se faz o lastro das nossas pegadas. Descortinar o porvir, encarar o que virá é o que a vida nos sugere. Tudo isto faz parte do equilíbrio da existência dos que optam pela evolução.

Deixemos que os nossos passos façam os caminhos necessários. De certo, que o cenário com o qual nos depararemos terá as cores das nossas escolhas. Ainda assim, ao longo dos nossos percursos, muitas vezes nos defrontaremos com necessárias reformas ou até demolições inteiras de construções que nos pareciam sólidas e definitivas.

A vida somente acontece, quando nos dispomos a sermos artífices e escultores do nosso cotidiano.

Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 18/05/2007
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T491437