Uma fábula: PINTANDO NO ATELIÊ DE Sergio Fingermann

Uma fábula: PINTANDO NO ATELIÊ DE Sergio Fingermann

Por Eliane Accioly Fonseca

Sergio Fingermann recebe os alunos com um paradoxo:

_ Vamos trabalhar ou conversar?

A novata pensando na possibilidade de escolha respondeu apressada:

_ Trabalhar claro!

Enquanto um aluno mais antigo retrucou, um tanto ou quanto indignado:

_ Conversar certamente!

Sem entrar em méritos, Sergio continuou com a proposta:

_ Precisamos parar no acostamento da estrada, sair da pista de alta velocidade, o tempo fragmentário do terceiro milênio. Na estrada nada vemos e na alça da estrada sim, podemos olhar e aprender a ver.

A novata, então, sentou e ficou escutando. Logo depois todos trabalhavam, enquanto o professor andava pelo ateliê olhando as pinturas de cada um, contando à pessoa o que via e também o que não via. Ele não dá dicas de como pintar, ajuda o olhar dos candidatos a pintor.

Na próxima aula a aluna que chegava falou ao veterano:

_ Tenho uma boa notícia para você, parei na alça da estrada, gostei de conversar aqui neste ateliê.

O aluno antigo desconfiado olhou para a colega. Quando viu que falava a sério lhe sorriu. Ficaram amigos.