APRENDER A MORRER É LIBERTAR-SE

Quando oramos ou rezamos a oração que Jesus nos ensinou, o Pai Nosso, há uma parte muito instrutiva, como todas as outras, que nos diz: Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos aqueles que nos ofenderam.

Rezamos essa nobre oração e não paramos para pensar nas propostas e ensinamentos que ela nos transmite. Talvez, já a tenhamos decorado, e aí está o problema: Não a interiorizamos. E, assim, ocorre com diversas lições, em qualquer campo da vida. Preocupamos-nos em verbalizar ou expressar, esquecendo-nos de vivenciar, de sentir.

Em dados momentos de nossas vidas ouvimos coisas que não gostaríamos de ouvir, falamos o que não deveríamos ter falado e agimos de forma precipitada. De quando em vez, certa agitação nos envolve, e para nos acalmarmos nesses momentos, nada melhor que uma sincera oração.

Quando oramos, entramos em contato com o plano mais alto e absorvemos fluidos e inspirações benéficas que irão nos pacificar e nos direcionar para que saibamos tomar a melhor decisão, e são através dessas decisões que tomamos, de acordo com o momento que estamos vivendo, que traçamos nossos destinos e damos nossa quota no somatório da atmosfera que envolve nosso planeta.

É um sonho irreal pensar que o mundo vai se modificar num passe de mágica. Somente quando nossos sentimentos se elevarem e compreendermos que mesmo sendo diferentes nos aspectos físicos, sociais, raciais, profissionais e espirituais, percebendo que nossos corações são um só, é que estaremos compreendendo o sentido da vida. Esse é o nosso despertar.

As maravilhas da Mãe Natureza, flores, pássaros, famílias reunidas são riquezas que compõem nossa humanidade. As árvores, os animais, todos estão tentando viver. Não passamos de seres frágeis. E abrir os olhos para essa realidade nos faz enxergar, ao mesmo tempo, nossa grandeza, porque veremos que nossas ações repercutirão no todo.

Constantemente, Deus nos envia um emissário a nos convocar para esse nosso “acordar”. Essa convocação, esse chamado, já foi feito por diversas pessoas, entre as quais podemos incluir Chico Mendes, líder de um movimento que visava a defesa da Amazônia, Mahatma Gandhi, Francisco de Assis, nosso irmão Jesus e tantos outros, preocupados em preservar e abrilhantar a fauna, a flora e a vida, em todas as suas fases. Eles foram ignorados por muitos, mas ouvidos por alguns. E esses alguns são os continuadores de suas obras, e são essas obras que movimentam a energia da luz em nosso planeta.

Muitos não têm seguido a pegada desses líderes destemidos, acomodam-se e se amedrontam diante de certos acontecimentos. Omitem-se, deixando pessoas serem prejudicadas e mortas, áreas naturais serem destruídas, injustiças serem cometidas, interessados apenas no que lhes convém. Policiais se vendem, juízes se corrompem, autoridades se calam, outros fazem de conta que não sabem de nada, e com isso o caos se instala. Será que estamos fazendo parte desse grupo? Façamos uma reflexão. Pessoas podem estar sendo lesadas e prejudicadas, devido a nossa falta de compaixão e covardia. Não tenhamos medo de falar, de denunciar, de nos expor. Não tenhamos medo de morrer, pois o próprio Jesus nos disse para não temermos aquele que mata o corpo, e sim aquele que mata a alma. E sabe quem é que mata a alma? Nós mesmos, quando deixamos de fazer o que é certo em troca de favores ou qualquer espécie de recompensa amoedada. Isso é matar a alma. Sufocamos nosso senso de justiça, nossa idoneidade, nosso amor. Matamos a nós e aos outros.

Perder o medo de morrer: Morrer de vergonha de declarar nosso amor, de começar ou recomeçar a estudar, de falar o que pensamos, de dizer que isso não condiz com uma postura idônea, de procurar um trabalho, de abandonar nossos vícios, de pedir perdão a alguém que tenha nos prejudicado ou perdoar a quem nos magoou; colocar as ideias e planos em prática, nos libertarmos de tudo que nos amordaça e abandonarmos o homem velho que se esconde dentro de nós. Aprender a morrer é libertar-se...

Morramos! Morramos de amor pela vida; de amor, pelo amor que Deus tem por nós.

Não matar; não mate. Aprenda a arte de morrer sem matar. Por amor se morre e por amor não se mata.

E nesse caminho ninguém está sozinho. Há milhões que querem um

mundo, onde todos tenham chances de reiniciar, deveres a cumprir e direitos a respeitar, e que isso se realize, efetivamente.

Aprender a morrer é compreender o significado da arte de viver, onde teremos que morrer para reluzir na eternidade de nosso percurso a caminho do calvário, carregando nossa cruz, onde diversos Cirineus vêm nos auxiliar, mostrando-nos que há enviados do Pai nos momentos em que as forças estão quase se extinguindo para nos amparar. E, talvez, essa ajuda venha de uma mão à qual nós, um dia, não estendemos a nossa. Talvez, venha de um sorriso ao qual, em uma época qualquer, negamos o nosso; Talvez venha de um olhar ao qual, em certo momento, ignoramos sua face e não o enxergamos. Mas de qualquer forma a ajuda surgirá, para que vejamos que Deus está presente nas mínimas coisas, até mesmo nos lugares onde nunca imaginávamos encontrá-lo.