O SOLDADO 798

Sou eu mesmo e este era o meu numero no glorioso exercito brasileiro.

Se dependesse de mim, eu nunca estaria lá, mais fazer o que? Manda quem pode e obedece quem tem juizo, ainda mais em plena ditadura. Eu não era rebelde, mais não me interessava por nada no quartel.

Eu gostava de jogar futebol, não era um craque mais dava para o gasto. Perseguido pelos sargentos Paulo, um cara muito organizado, um tremendo Caxias como se dizia na época, que tentava fazer no seu pelotão que fossemos como ele e o sargento Jose, um tremendo vibrador, outra expressão da época.

o sargento Rubens, o Rubão que como nome da a entender era grande, forte e covarde. Alias de cabo para cima, todos tinham prazer em tripudiar sobre nos.

Mais eu me vingava dentro do campo de futebol, humilhava aqueles pernas de paus e sempre que podia eu também os agredia. Futebol não e para homem? Não era assim que eles falavam?Um dia o tal Rubao deu uma cotovelada no rosto do Macarra, que o mandou direto pro hospital

Eu adorava driblar aquelas múmias e tinha os meus fãs que gostavam de ver. Teve outro caso que julgo interessante narrar:

Em um dos exercícios, tínhamos que alcançar o cume de um monte muito alto e nele fincar a bandeira da companhia e foi ai que resolvi aprontar:

Na subida para o monte, eu vi ao meu lado um local para que eu me escondesse e na volta me juntaria ao restante do pelotão. Os soldados subiram , fincaram a bandeira e retornaram e quando passaram ao lado do meu esconderijo, incorporei-me a eles.

Mais o que eu não sabia era que o sargento Paulo, com um binoculo tinha visto tudo. Pronto, fui pro xadrez incontinente.

Eu detesto o vôlei e tenho cá as minhas razoes:

Durante uma das partidas que os oficiais jogavam, eu junto com outro soldado estavamos encarregados de apanhar as bolas que caiam longe da quadra e tinha que ser rápido se não já viu ne? Pois bem, em um lance duvidoso da equipe em que jogava o próprio comandante, este deu um soco na bola e esta foi parar lá no pavilhão de comando, justamente do meu lado e lá fui eu revoltado, porque eu não concordava com aquele capricho do comandante.

Apanhei a bola e ao invés de voltar correndo, dei um chute na bola que foi cair dentro da quadra.

.O coronel gritou de la:

-Recolhe este atrevido ao xadrez e jogue a chave fora.

Foi esta a primeira vez que dormi no xadrez.

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 22/08/2014
Reeditado em 22/08/2014
Código do texto: T4932703
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.