Memórias de Um Menino.

Era um dia claro e o sol brilhava com todo seu esplendor, em minha volta tudo era alegria, os pássaros cantavam, as flores enfeitavam a paisagem com suas formas multicor. Mas meu coração estava triste, e eu via tudo sem alegria e o dia era gris. Era menino e como todo menino de minha época, pouco importava se os fatos me alegrava ou entristecia-me. Era um mundo onde somente os adultos tinham importância. E sendo assim mais uma vez estávamos de partida para uma nova morada, e mais uma vez ficava para trás o meu mundo, minhas coisas, meus amigos e neste episódio ficava também o meu primeiro amor. E o que tornou tudo ainda mais difícil, foi não poder despedir-me de minha doce amada. A cada passo dado no caminho a dor aumentava, e parecia que eu deixava meu coração e quanto mais eu distanciava do meu coração a respiração ficava mais difícil. E a certeza de jamais poder voltar naquele lugar fazia-me sentir como se o mundo estivesse acabando. Então não pude conter as lágrimas e elas começaram a rolar pela minha face. E então disfarçadamente eu chorei, e enquanto as lágrimas rolavam, para disfarçar eu, reclamei da poeira e do suor, dizendo que era eles a causa de minhas lágrimas. Mas somente eu sabia que a causa do choro era uma linda morena chamada Durvalina. Somente quem amou com pureza de coração saberá avaliar o que eu senti. E quando entramos no ônibus e este começou a movimentar-se, e a paisagem onde nascera o meu primeiro amor, foi ficando para trás. Foi como se aquele coração que estava ficando para trás não aguentando a pressão tivesse explodido em mil pedaços, pedaços estes que até hoje vivo tentando juntar e colar.

(Molivars)