Porque ser águia, se você pode ser você mesmo?

É comum em nosso meio, em dinâmicas de grupos e apresentações empresariais, as pessoas se compararem a uma águia.

Essa ave de rapina exerce forte influência no ego de muitos de nós, por ser uma espécie longeva, de vistas e garras poderosas, além de alcançar grandes altitudes de voo.

Exímia predadora, a águia nos fascina também pela capacidade de se renovar aos aproximados quarenta anos, para então viver mais 30 anos.

Líderes, coachings, gurus, psicólogos, analistas comportamentais estão sempre instigando seus subordinados, a serem como águias. E muitos entram nesse embalo, imaginando estar se engrandecendo com isso.

Nada contra quem se deixa envolver por essas associações, mas de minha parte, prefiro assumir as características que me são peculiares as quais não são compatíveis com as de uma águia.

Uma águia tem que ter uma visão aguçada, que lhe possibilite enxergar tudo de cima e que se ajuste quando estiver no mesmo nível de sua presa, tem que ser capaz de voar a grandes altitudes, de enxergar sua presa até a 5000 metros de altura e ter precisão de ataque, garras e força suficientes para capturar suas presas em alta velocidade, sem deixá-las escapar. Tem que aprender a bipolaridade de se enxergar sob o ponto de vista de presa ou de predador, sem meio-termos.

A águia é, por natureza, egoísta, não compartilha suas conquistas, só pensa em si própria, pouco se importando com os demais e por isso é solitária.

O mundo precisa de águias mas nem todos foram concebidos para isso.

O que realmente é relevante em nossa existência, é que sejamos o melhor possível dentro do contexto da espécie a que pertencemos.

Como diz o ditado popular: “quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré”.

Essa é uma verdade incontestável, que serve para qualquer espécie que habita o universo.

Sendo nós da espécie humana, por mais privilegiado que sejamos, nunca regrediremos ou nos evoluiremos a outras espécies. Sendo assim, a nós compete a nobre missão de sermos os melhores exemplares de nossa raça, contribuindo assim para a evolução da nossa espécie.

É verdade que muitos de nós, aí eu me incluo como exemplo clássico, não exercem nem ao menos medianamente as habilidades que lhe são próprias, era de se esperar que realizássemos, estagnamos-nos na zona da mediocridade, deixando a desejar. Mas, por outro lado, querer ser aquilo para o qual não fomos concebidos, é igualmente ultrajante.

Rafael Arcângelo Machado – janeiro de 2014.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 01/09/2014
Reeditado em 01/10/2014
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