SOMOS TODOS BIPOLARES

A musica era alta e animada. Atravessava o salão onde acompanhado pelo som do violão o gaiteiro abria a garganta e a sanfona cantando: "...adeus Mariana que eu já vou embora...!!!"

Curiosa, entrei na sala onde a animação era geral e o baile acontecia. De óculos e terno escuro o cavalheiro com elegância conduzia a dama que, com seu vestido de cetim rosa e lateral aberta, ostentava também óculos escuros. Enlevados, o casal dançava com maestria parecendo conhecer o pequeno salão e todos os recantos por onde, logo mais, suas bengalas metálicas os conduziriam. Ambos eram cegos. Muitos outros casais, com certeza, também eram. Pois a festa acontecia em uma Associação de Cegos.

Dezoito horas. A noite se aproximava, mas ainda havia claridade sobre o telhado transparente que cobria o grande ginásio, onde ocorreria a ultima noite de espetáculos do festival de dança. A bailarina nervosa, queria que escurecesse logo, para ter maior destaque a sua apresentação de dança solo.

Muitos dançarinos e conjuntos apresentavam-se. O som do hip-hop fervia no ar onde os bailarinos parecia levitarem com ousadia e leveza.

Em um mesmo dia, deparo-me com esses contrastes e vejo que a vida em si apresenta bipolaridades. É difícil aceitar as constantes mudanças de estado de espirito ou de humor das pessoas. Essas variações são situações com as quais temos dificuldade de lidar. Mas nós mesmo quantas vezes com facilidade e com que rapidez pulamos da alegria para a tristeza?

Encontro consolo nessa bipolaridade toda. Pois vejo que a tempestade de hoje, antecede a calmaria de amanhã, isso para todas as pessoas; para todas as coisas; para a própria vida, que entendo ser bipolar...

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 12/09/2014
Reeditado em 13/09/2014
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