A IMPORTÂNCIA DO “BOM DIA!”

Sou Inspetor de Alunos de uma creche e, todos os dias, em que entro em meu local de trabalho, com todas as pessoas com quem me deparo, por força do costume e educação que adquiri, desde o berço, venho com um sonoro “BOM DIA!”, o qual procuro pronunciar de forma individualizada, pois, à francesa, acho um pouco sem graça desejar algo tão importante, que é ter um bom dia.

Entretanto, algumas poucas pessoas não respondem; outras, respondem com uma espécie de timidez, engolindo as próprias palavras e devolvendo um “bom dia” quase imperceptível aos meus ouvidos e sem olhar para meus olhos. Porém, outras pessoas respondem à altura meu desejo sincero para que, naquele dia, tenhamos um “bom dia!”, em todos os aspectos.

Mas, hoje, foi um dia diferente, por uma questão simples que me tocou o íntimo de meu espírito. Uma menina, de três anos de idade, isso mesmo, três anos de idade, cujo nome é Yara, ao me ver entrar pelo corredor, no início de meu expediente, depois de minha passagem entre as minhas colegas de trabalho e na minha insistência de desejar o “bom dia!” a todas, ela, Yara, com as mãozinhas balançando ao ar e olhando nos meus olhos, disse-me: -“BOM DIA, TIO ROBERVAL!!!”. Eu lhe respondi, prontamente, entrelaçando minhas mãos em seus dedinhos pequeninos: - “BOM DIA, YARA!!!”.

Os demais alunos, igualmente pequeninos, ao verem aquela cena, começaram a falar, uníssonos, nas mesas do refeitório: “BOM DIA, TIO ROBERVAL!!!” e, por serem muito pequenos ainda, alguns, sem conseguir pronunciar meu nome, corretamente, diziam: “BOM DIA, TIO BEVAL!!!” ou “BOM DIA, TIO RODERBAL!!!”

Depois do ocorrido, conversei com uma amiga muito próxima a mim, no sentido de afinidade, e lhe disse: - como pode uma criança, como a Yara, com apenas três anos de idade, dar um show de educação para muitos adultos que conheço?

Eu , particularmente, aprendo demais com essas crianças, todos os dias, e fiquei pensando... “quem sabe, um dia, as crianças vão ser as grandes responsáveis pelas mudanças de comportamento dos adultos, aqueles mais sensíveis e um pouquinho mais observadores, para que todos nós tenhamos um “BOM DIA!” ou uns “BONS DIAS!” de verdade?!”