Para refletir: Duas reminiscências e um filme.
 
Nos idos dos anos setenta participei de um curso de administração de recursos humanos no IDORT da Praça Dom José Gaspar, atrás da Biblioteca Mario de Andrade. Naquele tempo o IDORT contava com o que eram as ferramentas de ponta da didática: livro-texto, flip-chart e transparências em retroprojetor. Esses recursos  são jurássicos se comparados com lousas digitais, multimídias e tudo o que hoje as tecnologias da comunicação e da informação oferecem.
Foi numa dessas aulas que pela primeira vez ouvi falar num peixinho chamado lúcio. Tratava-se de um experimento ‘científico’ em que os lúcios eram colocados num aquário com um vidro separando-os de outros peixinhos que lhes serviam de alimento. Os lúcios se debatiam contra o vidro na vã tentativa de conseguir apanhar os peixes menores. Finalmente, exaustos, desistiam. A experiência finalizava com a retirada da barreira de vidro que separava os peixes, mas os lúcios já não atacavam suas presas, continuavam respeitando a limitação imposta pelo vidro como se ele ainda ali estivesse.
Outra lembrança me vem desse mesmo curso. Desta vez uma experiência feita com pessoas. Uma grande empresa americana – acho que era Electric qualquer coisa – constituiu um grupo de funcionários aos quais foi aumentando benefícios. Esse grupo teste teve as condições de iluminação melhoradas e a produtividade aumentou. A produtividade aumentava à medida que novos benefícios iam sendo incorporados, até que, num dado momento, todas as regalias foram tiradas e, para surpresa de todos, a produtividade aumentou ainda mais.
O caso dos lúcios lembra um pouco a historinha do elefante que desde pequenino, tendo a perna amarrada com uma corda presa numa estaca, depois de crescido continua se sentindo preso quando poderia facilmente libertar-se. E lembra-me também de dois futebolistas, Romário, hoje na política, que chamava seus marcadores de ‘peixe’, e de Lúcio, zagueiro que foi do São Paulo e da seleção brasileira e que, se não me engano, ainda está na ativa.
No caso do experimento na Electric qualquer coisa observa-se o interessante fenômeno da formação de espírito de equipe num grupo teste. Cada um se julgando especial e único e todos congregados num só time. O que remete ao caso do breakfast com ovo e bacon, em que a galinha participa no processo com o ovo, mas o porco está comprometido ao máximo ao fornecer o toucinho, ou seja, envolvimento é uma coisa, comprometimento é outra bem diferente.
Curiosamente, não sei por que, me deu vontade de ver de novo o filme ‘A Onda’. Se ainda não assistiram, não percam. E, se já viram, tenham certeza que revê-lo lhes possibilitará observar novos ângulos insuspeitados.  Há duas versões, a primeira, de 1981, americana, que pode ser acessada em http://www.youtube.com/watch?v=QBjeX5jPRi4  a segunda, alemã, de 2008.
Possíveis conclusões (ou impossíveis): Aprendia-se mais com menos recursos? Menos com mais recursos? A relação ensino-aprendizagem é um mistério? Lúcios são pouco lúcidos? São lunáticos? O peixe ou o zagueiro? Romário driblava peixes? Jogavam em aquário? Capricórnio? Envolvimento é só amizade colorida? Comprometimento é trocar alianças? Cadê o elefante? E o filme, gostou? E aí, compadre, firme? Não, compadre, futebor!
 
luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 20/09/2014
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