Band-aid no Transporte

A implantação do BRT na Barra e em toda a cidade, já que o projeto é o mesmo para os diversos pontos do Rio, repete o que se fez na Alameda São Boaventura, em Niterói. Das três faixas de rolamento existentes na Avenida das Américas, uma tornou-se exclusiva para o BRT – na Alameda a exclusividade é para os ônibus comuns, ambulâncias, veículos oficiais, etc. – e as outras duas para os demais veículos. Na situação anterior, isto é, com o uso normal das três faixas, se considerarmos apenas os automóveis de passeio, veremos que a tendência são os engarrafamentos. Porque os mesmos automóveis que dispunham antes das três faixas, agora dispões de duas. Devendo ser considerado o aumento da frota, a partir do licenciamento de novos carros ao longo do ano.

Além disso, os ônibus do BRT andam normalmente lotados nos horários de pico. Não tendo, portanto, condição de absorver a demanda de público periférico, em relação à Barra, ao Centro ou ao Galeão, constituído basicamente de pessoas de baixa renda.

Por outro lado, os ônibus do BRT, por andarem sempre lotados nos horários de maior solicitação, não terão condição de atrair os possuidores de automóveis particulares. Que preferem enfrentar os engarrafamentos. Porque, apesar da perda de tempo com eles, imaginam que a mobilidade seja maior ou que podem chegar mais rapidamente ao seu destino, dependendo do horário em que saiam de casa. Frustra-se, assim, a esperança de que muitos carros ficassem na garagem. O que representaria a possibilidade de alívio para os congestionamentos. Além disso, as pessoas que vão andar de BRT, no primeiro momento em que puderem comprarão um automóvel. Pelo mesmo motivo dos que preferem enfrentar os engarrafamentos a ter que contar com o transporte público. Além da questão do status social. Ou da segurança.

Em lugar do BRT, o metrô de superfície, cuja extensão suplantaria pelo menos em dobro a extensão do BRT, dotado de ar condicionado e respeitando com boa exatidão os horários de funcionamento, seria uma solução certamente com mais chances de dar certo. Se essa linha metroviária pudesse ser estabelecida em vias elevadas, melhor ainda, pela possibilidade de inexistirem interferências com o tráfego rodoviário. Aí, sim, as pessoas deixariam seus carros em casa e andariam de metrô. Como acontece nas principais metrópoles do mundo desenvolvido. O custo é elevado? Sim. Mas não valeria à pena para a melhoria da qualidade de vida do cidadão?

Que deixaria de contar, assim, com uma solução band-aid ou paliativa, que nos parece a adotada para o transporte no Rio de Janeiro.

Rio, 26/01/2014

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 02/10/2014
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