Criança feliz quebrou o nariz

Em uma palavra, o que significa ser criança? Aprendizagem. Aquela curiosidade sobre tudo, sentida por quem não sabe nada. Naquele momento em que a criança estende a mão para a flor corre risco de tocar a maciez ou a aspereza. Pena que depois de um tempo, a criança é estimulada a querer somente a maciez e assim prossegue pela vida querendo somente a felicidade.

Hoje, uma amiga querida, disse-me que eu não sabia ouvir. Como a ligação estava ruim, fiquei sem saber se isso se dava com relação a tudo ou por alguma situação específica. Intrigada, pesquisei sobre a arte de ouvir. O Youtube listou opções de como ouvir para aprender idiomas. Apenas um vídeo, com menos de cinco minutos, tinha o título “aprender a ouvir”. O problema era que o vídeo estava vinculado ao Mercado Erótico, o que me fez desconfiar.

Procurei mais um pouco e encontrei um vídeo de 1978, de KRISHNAMURT, autor indiano, com a seguinte interrogação: Existe outra maneira de aprender? Curiosa, assisti que aprendemos com nossos pais e educadores em diversas escolas e também através da experiência, acumulando conhecimento. Com base no conhecimento acumulado, agimos. O problema é que o conhecimento que nos faz agir hoje é sempre passado. A questão a ser investigada pelo palestrante e ouvintes é se há outra forma de aprendizagem.

Encerrada a palestra, voltei a procurar novos vídeos sobre a arte de escutar, já que ouvir é parte essencial dos sentidos da aprendizagem. Encontrei novamente o vídeo do Mercado Erótico e resolvi abrir o link para ver do que se tratava. Nesse momento descobri que além de não saber ouvir também não sei ver, pois a palestra era do Mercado Ético. Ô mente poluída! A abordagem é fundamentada na prática de primeiramente ouvir o que querem as pessoas, para depois serem apresentadas soluções. O exemplo é sobre as questões da Amazônia, que atingem o mundo, mas atingem primeiramente a população local. Por esse enfoque, não se devem importar soluções, que nem sempre são adequadas aos problemas locais, mas ouvir os ribeirinhos e outros que ali residem. Em outras palavras, não colocar o carro na frente dos bois.

Por falar em metáfora ultrapassada, no período de eleições muito se discute sobre o benefício bolsa-família. Sugestões de candidatos em quem devemos votar também são fornecidas, naturalmente sem que tenhamos solicitado. Nas redes sociais, tem gente ameaçando excluir os amigos desrespeitosos. Curiosamente, os discípulos de CHE, que apoiavam o voto nulo se mostrando contrários a todo e qualquer governo, agora sairam da sua nulidade confortável e resolveram dar nome aos bois (ou às vacas), apontando solenemente em quem votar. O que talvez não seja tão honesto por parte de quem há pouco tempo bradava que todo político é ladrão, porém é melhor do que apenas ser do contra.

Opa! Eu falava de metáfora ultrapassada. A célebre lição moral: ensina a pescar, ao invés de dar o peixe, considerando as secas dos rios, a criação de peixes em cativeiro, etc., também necessita ser reinventada. Talvez – e é somente um palpite - seja necessário aprender a pensar. Se não temos mais os olhos da inocência para aprender sobre o mundo, pode ser sinal de maturidade chamar para si a responsabilidade pelo que acontece dentro e fora de casa, acompanhar as ações dos eleitos pelos quatro anos de mandato. Não é só bater no peito vitorioso e festejar depois da contagem das urnas. Quem sabe, aprender um pouco sobre política e sobre manipulação dos meios de comunicação, a que todos estamos expostos. Do bem ou mal que vier não adianta torcer o nariz.

                              


Para visitar e aderir à ideia se assim quiser:
Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral: 
http://www.mcce.org.br/site/