A dinastia dos peixes
Muitas estórias populares são famosas no interior do Brasil. Lobisomem, saci Pererê, mula sem cabeça e mais especialmente estórias de pescadores.  Consta que certa vez um pescador orientava novos aventureiros do mar e dos rios  e depois fazia uma advertência sobre o conhecimento que deveriam ter sobre a dinastia dos peixes. É preciso manter-se longe do tubarão, ele é um peixe grande, de barriga enorme, boca muito grande, dentes igualmente grandes e afiados. Nada sobrevive em suas garras. Entretanto é preciso conhecer bem as piabas, são peixes muito pequenos rápidos e escorregadios, assim é impossível segurá-los em suas mãos. Para cada explicação ele apresentava uma expressão condizente com suas experiências, e foi assim que falou das piranhas. Essas são muito perigosas, elas costumam andar em bandos, estão sempre muito famintas e são dotadas de dentes pequenos mas  muito afiados e sempre estão com uma estranha fome que as leva a devorar tudo em questão de minutos. Um momento de expectativa e até uma certa tensão foi quando o pescador foi falar sobre as traíras. Essas são as que vocês devem ter mais cuidado porque além de todos os perigos esses peixinhos tem o maior dos perigos. Eles são traiçoeiros. Tão traiçoeiros que vocês não vão saber nem se eles estão vivos ou mortos de tão bem que eles sabem fazer para enganar os idiotas. Transferindo essa analogia do sábio pescador para a nossa aventura pelo mundo da política poderíamos dizer que um político, assim como um bom pescador, também deve dominar com maestria  e profundo conhecimento a dinastia dos peixes. Tubarões muitos pensam que são mas poucos na verdade alcançam esse estágio. Quando alcançam esse estágio certamente comeram muitas piabas, piranhas, além de suportar e até fazer uso discreto de milhares de traíras. Esses sim são sórdidos, traiçoeiros, abundantes e de uma cabeça infinitamente pequena. Para alguns mais benevolentes essa postura dos traíras é uma questão de sobrevivência, mas à luz transparente da lógica que deve guiar o comportamento humano é uma questão de índole mesmo. A piracema dessa dinastia dos peixes acontece em nosso país de dois em dois anos por coincidência talvez, sempre no período das eleições. Eles têm prosperado em sua reprodução ultimamente portanto fique alerta.
 
Ney Ferreira
Enviado por Ney Ferreira em 17/10/2014
Reeditado em 17/10/2014
Código do texto: T5001949
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