Casamento

O André é um querido amigo e um simpático leitor dos meus textos. Volta e meia indica algum tema para eu escrever. Empolgado com a chegada do seu casório, pediu para eu escrever sobre casamento.

Minha primeira reação foi: Justo esse tema? Justo eu?

Minha segunda reação foi: E porque não?

Fui buscar nas minhas lembranças, o que eu pensava, imaginava e queria de um casamento. Confesso que pouca coisa mudou. Mudou a maturidade com a qual penso sobre o assunto. Porque casamento não é algo que se começa com o pensamento “ahh se não der certo, a gente separa...”. Não! Mas pode acontecer... Por não ser um encontro de almas, simples assim...

Casamento não requer anos de namoro, cartório, véu e grinalda nem financiamento da habitação aprovado. Requer o desejo genuíno de amar, amar incondicionalmente, amar com todos os defeitos e diferenças, amar com toda a força e pureza do coração, amar sem cobranças, amar respeitando a individualidade, amar com a humildade de aprender e ensinar, amar com um desejo desmedido de fazer o outro feliz, amar sendo feliz consigo mesmo e ser ainda mais feliz pela felicidade do outro e com o outro.

Esses dias na comemoração de um aniversário, uma pessoa comentou: “estou com o meu marido há 12 anos, não somos casados “oficialmente”, temos uma filha e vou te contar uma coisa, gosto dele, gosto muito dele, no meio do dia quando estou trabalhando, sinto saudade de estar com ele”. Enquanto falava, seus olhos brilhavam e um sorriso tímido inundado de amor. Eu também sorria e, enquanto ela falava, eu pensava, é um encontro de almas, que lindo!!!

Há uma música que eu considerava brega, mas hoje penso que o autor tinha uma grande pitada de razão ao descrever uma sensação, que pode ser usada em referência ao casamento: é luz, é raio, estrela e luar. Assim como no mar, temos a calmaria, a arrebentação, as ondas, o mar alto... Assim é a vida a dois: tudo isso junto e misturado! E que pode vir o vento e transformar tudo. E não por isso, ser menos gostoso... Afinal, mar calmo não faz bom marinheiro. Talvez o segredo esteja aí, saber como agir em cada condição sem sair do eixo ou se sair, saber voltar até ele – céu estrelado, arrebentação, trovoada, calmaria, marolas, ondas gigantes, luar... E, principalmente, em tempos de ventania. Ou escassez de vento...

É compartilhar anseios, sonhos, tristezas, vitórias. É parceria, é amizade, é cumplicidade. É banho de mar, de chuveiro, de mangueira ou banheira. É conversa fiada. É papo reto e sério. É biscoito de polvilho. É brigadeiro. É arroz queimado. É sorvete e quentão. É primavera e as outras estações. É projeto novo ou velho, repaginado, repensado. É filho. Um, dois ou até formar uma equipe de volley, talvez futebol. Ou apenas o casal. Animais de estimação. É viajar, muitos km ou na própria cama. É sentar no chão, rolar na grama, pode ser na areia e dormir se sentindo no céu, mas tem que ser numa cama pequena, estreita, apertada mesmo.

É somar. É dividir. É multiplicar. É aprender. É ensinar. Brincar. Cuidar. Sonhar. Respeitar. Criar. Defender. Compreender. Acolher. Envelhecer. Renovar. Perdoar. Unir. Sorrir. Evoluir. Construir. Reconstruir. Seduzir. É amor. É amar!!!!

Que tenhamos coração aberto para sentir quando chega o momento desse encontro de almas e espirito sereno para caminhar com dignidade ao lado dessa alma que soma à nossa vida. Sejamos todos felizes. Eternamente felizes!

MF, 30.09.2014

Magda Freitas
Enviado por Magda Freitas em 21/10/2014
Código do texto: T5007030
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