Novidade radical

Imaginem se a telepatia chegasse de repente para todos. Um gigantesco engarrafamento de afetos entupiria as vias do céu lambendo as fuselagens dos aviões; deixando marcas pegajosas nos cabos elétricos. Isso, enquanto os maus pensamentos trombariam nos tablados do submundo ardendo e soltando farpas sob o manto nada sagrado de um caótico novo planeta. Os mais excitados entrariam em transe diante do súbito poder. Os maquiavélicos se exporiam aos hackers do bem exibindo a contragosto suas intenções em inúteis cabos óticos cerebrais virtuais. Um festival de bobagens explodiria nos shoppings de ideias populares enquanto suaves e generosas cargas refrescantes de altruísmo e generosidade banhariam a todos indiscriminadamente com as suas bem vindas benesses. Ainda condicionados aos ganhos das épocas das mentes mudas, os avaros deixariam escapar seu balanços secretos e todos veriam o verde ao invés do vermelho anacronicamente divulgado. Um grande ganho teriam mesmo os que amam secretamente porque, certamente, esse sentimento acenderia incandescente como que estimulado pela demanda reprimida resplandecendo sobre as cabeças dos surpresos objetos dos seus desejos. Levaria muito tempo até que esse caos fosse absorvido: pode-se imaginar que a cada instrumento mental descoberto e divulgado involuntariamente, iriam surgir novos caminhos de controle que regrasse o fluxo. O surreal seria piada se essa realidade fosse representada. Fantasias secretas, segredos de estado, romances clandestinos, mentiras deslavadas... Todos transitando em uma rede sem fio e sem que as censuras de até então dispusessem de instrumentos para limitar. Seria um grande momento.