Eclética

Uma palavra bem direcionada, bem definida, sem contornos ou lapidações. Poderíamos dizer até que é uma palavra especial para quem não tem escolha, para quem não tem medida, certo? ERRADO.

Não se pode confundir uma pessoa eclética com uma pessoa indecisa, ou uma pessoa que não tem opinião formada. Você pode ser eclético sem se despir de seus conceitos ou ideias. Apenas junta coisas daqui e dali para construir algo melhor. A liberdade de escolha do que julgamos melhor. Muitas vezes não gostamos de certo seguimento de leitura, por exemplo: livro de autoajuda. Se nos propusermos a ler alguns com certeza vamos tirar frases, palavras ou algum parágrafo que nos fará refletir. Existem preconceitos contra tantos seguimentos e de tantas formas que fico assustada. Por exemplo: não gosto de textos que não me dizem algo, textos repetitivos que não me desafie. Sou romântica, nem por isso só leio coisas românticas, gosto das entrelinhas, dos recados direcionados que chegam através de contos ou frases. Adoro o mistério de um soneto, ou a declaração de uma canção. Amo a liberdade de expressão, tanto que aqui no Recanto está cheio de textos que realmente eu nem daria o nome de textos para “aquilo”, mas está aí, e para chegar a esta conclusão eu tive que ler alguns, senão como eu poderia opinar sobre o que não li. Isto me faz uma pessoa eclética, só opino depois de provar, de ler, de degustar. Existe também a escolha de não querer experimentar certas coisas. O fato de não gostar ou não querer experimentar não me deixa fora de moda ou fora do ecletismo. A opção é uma forma de liberdade. Nós somos, afinal, vítimas ou heróis de nossas escolhas? Eu já me arrependi várias vezes tanto de ter experimentado algo quanto de não ter experimentado algo. Volto atrás em algumas opiniões sim, afinal estamos evoluindo e aprendendo. Muitas vezes a verdade e a coragem nos assustam. Quando nos deparamos com uma pessoa nua de preconceitos, nua de cobranças, nua de tradições arcaicas ficamos com medo. Típico de uma educação “tradicional” onde não se dialogava sobre certos “tabus”. Fico eu cá com meus botões pensando em como algumas pessoas nem percebem o valor de uma amizade verdadeira. Uma amizade que não cobra, que não castiga, que não denuncia, que não repudia o outro só porque ele foi fraco. Ser eclético é ser livre para escolher um pouco disso ou daquilo, de não se prender a regras, de respeitar a liberdade do outro.

"O eterno erro que consiste em tomar a libertinagem por liberdade."

Gerard Reve

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 27/10/2014
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